Desfile militar na China junta Xi, Putin e Kim e exibe arsenal nuclear

Um extenso desfile militar em Pequim assinalou o 80.º aniversário do fim da Segunda Guerra Mundial e reuniu publicamente, pela primeira vez, o presidente chinês Xi Jinping, o chefe de Estado russo Vladimir Putin e o líder norte-coreano Kim Jong Un. O evento, realizado na Praça Tiananmen, serviu para apresentar novas armas e reforçar a imagem de solidariedade entre os três países.

Três líderes lado a lado

Antes do início do desfile, Xi Jinping recebeu Kim Jong Un com um prolongado aperto de mão e, de seguida, cumprimentou Vladimir Putin. Os três caminharam juntos até ao local de observação escolhido para acompanhar o desfile. Além deles, marcaram presença 24 dignitários estrangeiros, incluindo os presidentes do Irão, Paquistão, Vietname e Zimbabué. Entre os poucos representantes ocidentais estiveram Robert Fico, da Eslováquia, e Aleksandar Vučić, da Sérvia, que posaram para fotografias com Putin após a cerimónia.

Convidados como o presidente sul-coreano Lee Jae Myung declinaram o convite, enquanto o primeiro-ministro indiano Narendra Modi, que se reunira com Xi dias antes, também não compareceu. Antigas figuras de topo da liderança chinesa estiveram presentes, com exceção notória do ex-presidente Hu Jintao.

Vitrine de armamento moderno

O desfile mobilizou milhares de militares de diferentes ramos das forças armadas chinesas, que percorreram a Avenida Changan perante cerca de 50 000 espetadores previamente selecionados. Entre os equipamentos expostos destacaram-se mísseis nucleares de alcance global, drones furtivos capazes de acompanhar caças tripulados — apelidados de “leal companheiro” —, lasers, drones submarinos de grande porte e veículos robóticos apelidados de “lobos”.

No final, pombas e balões foram libertados, simbolizando o encerramento da parada, antes de um almoço oficial no Grande Salão do Povo. Durante o brinde, Xi afirmou que o mundo enfrenta “a escolha entre paz e guerra” e defendeu a rejeição do “regresso à lei da selva”. Sem mencionar países específicos, declarou esperar que as nações “valorizem a paz” e trabalhem por “um futuro mais brilhante para a humanidade”.

Encontro bilateral Rússia–Coreia do Norte

Após o desfile, Putin e Kim reuniram-se durante duas horas e meia na casa de hóspedes Diaoyutai, em Pequim. Segundo declarações posteriores, o encontro abordou a participação de militares norte-coreanos na guerra da Ucrânia e avaliou um acordo firmado em junho passado entre Moscovo e Pyongyang. Estimativas atuais apontam para a presença de até 15 000 soldados norte-coreanos no conflito, bem como o fornecimento de munições pela Coreia do Norte à Rússia. Em troca, Pyongyang terá recebido apoio financeiro e ajuda no desenvolvimento de armamento.

Reações e acusações

Nos Estados Unidos, o antigo presidente Donald Trump utilizou a sua plataforma social para acusar Xi, Putin e Kim de “conspirar contra os Estados Unidos”. A alegação foi rejeitada pelo porta-voz do Kremlin, Yuri Ushakov, que classificou as palavras de Trump como “irónicas” e afirmou que os três líderes “nem sequer pensam numa conspiração” contra Washington, embora reconheçam o papel norte-americano no cenário internacional atual.

O desfile reforçou a mensagem de modernização militar chinesa e evidenciou a proximidade entre Pequim, Moscovo e Pyongyang num momento em que os três governos enfrentam sanções ou tensões com países ocidentais. Para além da exibição de poderio bélico, o encontro trilateral procurou salientar a convergência diplomática entre os participantes e sublinhar alternativas ao alinhamento liderado pelos Estados Unidos.

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