Descentralização de data centers ganha urgência após alerta da Anatel sobre riscos de concentração em grandes cidades

Descentralização de data centers ganha urgência após alerta da Anatel sobre riscos de concentração em grandes cidades

Concentrar grande parte da infraestrutura de processamento de dados em poucos centros urbanos coloca a conectividade brasileira em situação de vulnerabilidade. Esse foi o recado transmitido pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) ao governo federal, numa manifestação que ganhou relevância depois de declarações de seu presidente, Carlos Baigorri, em 17 de outubro de 2025. O dirigente argumentou que a descentralização dos data centers é medida essencial para proteger serviços digitais de alcance nacional.

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Quem emitiu o alerta e por que o tema chegou à pauta governamental

A Anatel, autarquia responsável por fiscalizar e regular o setor de telecomunicações, assumiu postura proativa ao ressaltar riscos associados à alta concentração de data centers em metrópoles como São Paulo e Rio de Janeiro. Baigorri relatou ter tratado do assunto diretamente com o Ministério das Comunicações, defendendo a adoção de políticas de incentivo que atraiam novos investimentos para diferentes regiões do País. Segundo ele, o diálogo busca “diversificar e desconcentrar” a localização dos servidores, mitigando impactos de possíveis eventos adversos.

O que está em jogo: riscos apontados pela agência

De acordo com o presidente da Anatel, deixar “todos os ovos na mesma cesta” amplia a exposição a falhas que podem se disseminar em escala nacional. A autoridade destacou três cenários de ameaça já identificados pela agência:

Apagões elétricos: interrupções no fornecimento de energia em grandes cidades afetam diretamente a operação dos servidores, com potencial de paralisação simultânea de vários serviços essenciais.

Desastres naturais: enchentes, tempestades ou outros eventos climáticos extremos concentrados em regiões densamente povoadas podem comprometer a infraestrutura física dos data centers.

Problemas técnicos localizados: falhas de equipamento ou incidentes estruturais em um único polo urbano têm possibilidade de se propagar para todo o ecossistema digital, dada a interdependência dos sistemas concentrados.

Quando e onde o alerta foi reforçado

O posicionamento público de Baigorri ocorreu logo após participação em evento na Fundação Getulio Vargas (FGV), em São Paulo, no próprio dia 17 de outubro. A proximidade temporal com um apagão que atingiu diversas regiões brasileiras, na madrugada de 14 de outubro, intensificou a percepção de fragilidade da infraestrutura atual, conferindo urgência ao debate sobre estratégias de distribuição geográfica dos servidores.

Como o governo pretende responder: Medida Provisória Redata

No centro das discussões, está a Medida Provisória do Regime Especial de Tributação para Serviços de Data Center (Redata). O texto prevê contrapartidas fiscais a empresas que instalarem projetos de computação em nuvem e inteligência artificial fora do eixo Sudeste-Sul. Caso convertida em lei, a Redata concederá incentivos a iniciativas localizadas nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, abrindo caminho para repartição mais homogênea da capacidade de processamento no território nacional.

Por que descentralizar: segurança, resiliência e desempenho

Segundo a argumentação da Anatel, descentralizar não é apenas ato de precaução contra incidentes isolados; também representa estratégia de fortalecimento da resiliência nacional. Os benefícios enumerados pelo órgão incluem:

Aumento da disponibilidade: a dispersão física reduz a chance de interrupções simultâneas e facilita planos de contingência regionais.

Redução de latência: gravar e processar dados mais próximos dos usuários finais melhora o tempo de resposta de serviços digitais, fator crucial para aplicações empresariais e de consumo.

Expansão da conectividade: a chegada de data centers a novas praças impulsiona investimentos em redes locais, estimulando crescimento econômico e incluindo populações hoje menos atendidas.

Desdobramentos do alerta para a estratégia de infraestrutura digital

Baigorri sublinhou que a questão extrapola a esfera técnica e alcança o campo da soberania informacional. A centralização excessiva, afirmou, constitui risco de amplitude nacional, pois qualquer evento disruptivo em São Paulo ou Rio repercute em “todo o país”. Nesse sentido, o executivo reitera que a Anatel está dialogando com diferentes órgãos governamentais para que as políticas públicas priorizem um desenho de rede mais distribuído.

Cenário atual: concentração em poucos polos e ameaça à continuidade de serviços

Os maiores centros de dados brasileiros concentram-se no entorno da capital paulista e da cidade do Rio de Janeiro, atraídos pela proximidade de hubs de negócios, maior oferta de energia e infraestrutura já estabelecida. Essa configuração, porém, gera efeito de dependência excessiva, pois uma falha localizada pode derrubar sistemas bancários, plataformas de governo eletrônico, aplicações de comércio eletrônico e serviços de streaming simultaneamente.

Consequências potenciais de falhas, segundo a Anatel

A agência alerta que apagões geram perda de conectividade generalizada, desastres naturais podem danificar fisicamente servidores e falhas elétricas internas comprometem cadeias de refrigeração e segurança. Todos esses elementos, vistos de forma combinada, justificam a recomendação de espalhar data centers pela malha nacional, criando redundância e permitindo rotas alternativas de tráfego.

Próximos passos para redução de riscos

Com base na sinalização da Anatel, o governo passou a trabalhar em mecanismos de estímulo que contemplem desoneração fiscal, simplificação regulatória e programas de infraestrutura crítica, a exemplo da Redata. O objetivo é construir ambiente em que empresas do setor tenham incentivos concretos para direcionar capital a estados fora do eixo tradicional. Além disso, há expectativa de que a iniciativa promova a distribuição de mão de obra especializada, ampliando oportunidades de formação e emprego em polos emergentes de tecnologia.

O alerta de 17 de outubro, portanto, consolida a visão de que a proteção dos serviços digitais demanda abordagem territorial ampla, evitando sobrecarga em poucos núcleos urbanos e fortalecendo o conceito de conectividade robusta em todo o território brasileiro.

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