Descarrilamento do Elevador da Glória em Lisboa provoca 16 mortos

Uma das carruagens do Elevador da Glória, em Lisboa, descarrilou ao início da noite de quarta-feira, provocando pelo menos 16 mortos e cerca de 20 feridos, alguns em estado crítico, segundo as autoridades. O acidente ocorreu pouco depois das 18:00, na curva junto à Avenida da Liberdade, quando o veículo perdeu controlo, embateu num edifício e ficou destruído.

Dinâmica do acidente

Testemunhas relataram que a composição superior, que descia a colina, ganhou velocidade de forma repentina. Ao mesmo tempo, a carruagem inferior, que começava a subir, recuou alguns metros antes de parar bruscamente. Instantes depois, o veículo que vinha de cima percorreu toda a inclinação sem controlo e colidiu com um edifício na esquina da rua.

O Elevador da Glória, com 140 anos de operação e movido por motores elétricos ligados a um cabo, funciona em sistema de contrapeso: uma carruagem sobe enquanto a outra desce. A viagem dura cerca de três minutos. Imagens verificadas mostram o vagão amarelo e branco projetado contra a fachada, enquanto a composição inferior ficou parada no final dos carris.

Relatos de quem estava a bordo

Helen Chow, que se encontrava na base da colina, descreveu à BBC o momento em que ouviu “um estrondo semelhante a uma bomba” e, de seguida, “um silêncio assustador”. Fumo negro cobriu temporariamente o local até que os destroços ficaram visíveis. “As pessoas gritavam e corriam para ajudar”, afirmou.

Dentro da carruagem que subia, Rasha Abdo sentiu o veículo deslizar para trás “sem travões, a ganhar velocidade”. O impacto final fez com que os passageiros se chocassem uns contra os outros. “Foi muito forte”, contou.

Abel Esteves, residente em Lisboa, estava no mesmo vagão com cerca de 40 pessoas. Ao ver a outra composição aproximar-se a grande velocidade, gritou para a mulher: “Vamos morrer aqui.” O choque esperado não se concretizou, mas o estrago causado pela carruagem descendente deixou o local em pânico.

Socorro imediato e cenário no local

Logo após a colisão, habitantes, motoristas e comerciantes da zona correram para prestar auxílio. A guia turística Marianna Figueiredo subiu a rua para ajudar e encontrou o vagão superior esmagado. “Quando retiraram o tejadilho, começaram a aparecer corpos”, relatou. Enquanto aguardavam ambulâncias e bombeiros, voluntários tentavam acalmar sobreviventes, recolher dados pessoais e oferecer primeiros socorros.

Vídeos captados por transeuntes mostram pessoas a subir a encosta em direção ao acidente, enquanto outras se afastavam por medo de um novo deslizamento. Um turista norte-americano, Eric Packer, estava a poucos metros do local e ouviu um ruído “como um camião a despejar pedras”. Tinha ponderado usar o funicular minutos antes, mas optou por subir a pé. “Quando voltámos, percebemos a magnitude do que aconteceu”, disse.

Investigação em curso

A Polícia de Segurança Pública isolou a área e abriu inquérito para apurar as causas do descarrilamento. Peritos analisam o estado do cabo de tração, dos travões e do sistema elétrico. Até ao encerramento desta edição, não havia conclusões sobre eventuais falhas mecânicas ou erro humano.

O Governo português decretou dia de luto nacional em memória das vítimas. Equipas de apoio psicológico foram destacadas para assistir familiares e sobreviventes.

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