Crochê para Iniciantes: Um Guia Simples e Acolhedor para Começar do Zero

Quer Ouvir?

Você já olhou pra uma peça de crochê e pensou: “Queria tanto saber fazer isso…”? Pois é. Muita gente sente o mesmo. O crochê para iniciantes pode parecer um bicho de sete cabeças, mas eu te garanto: dá pra aprender, sim — e com calma.

Neste guia, quero te mostrar como começar com o pé direito. Não é preciso ter experiência, só um pouquinho de paciência, vontade de aprender e, claro, linha e agulha nas mãos. A aula do Marcelo Nunes (um artista do crochê que ensina super bem) foi o ponto de partida que organizei aqui de um jeito simples. Vamos lá?

1. Primeiro Passo: Fios, Agulhas e Ergonomia

Escolha do fio

Para quem está começando, o ideal é escolher um fio que não desfie e tenha espessura intermediária. Marcelo utiliza o EuroRoma Ecotrama 4/6, composto de algodão reciclado, que oferece boa visibilidade do ponto e menor risco de alergia.

Fios muito finos exigem destreza, enquanto fios muito grossos podem mascarar erros, dificultando a evolução técnica. Já na primeira prática, procure cores claras: elas facilitam a contagem de voltas.

NiceLand 16 peças croché

NiceLand 16 peças croché
NiceLand 16 peças croché

Dimensão da agulha

A regra prática é: quanto mais grosso o fio, maior deve ser o diâmetro da agulha. A aula usa agulha de 3 mm, porém, caso opte por barbante 6 ou 8, uma agulha de 3,5 mm ou 4 mm pode garantir pontos mais soltos. Marcar o cabo da agulha com fita colorida ajuda a identificar tamanhos rapidamente.

Postura e pegada

Ergonomia é crucial para quem deseja crochetar por longos períodos sem dores. Mantenha os ombros relaxados, apoie os antebraços na mesa e use a técnica de “pinça” ou “caneta” — experimente as duas e veja qual se adapta à sua biomecânica. A tensão do fio deve vir principalmente do indicador esquerdo (para destros), evitando que os punhos realizem movimentos desnecessários.

2. Dominando a Correntinha: A Base de Todo Trabalho

Técnica essencial

A correntinha, abreviada como corr, é o primeiro ponto que todo iniciante aprende porque constrói a “espinha dorsal” das peças. Comece fazendo um nó corrediço, insira a agulha, dê laçada (envolva o fio) e puxe através do nó. Repita.

Mantenha as correntinhas uniformes, visualizando pequenas argolas encadeadas. Se estiver apertado, troque para agulha 0,5 mm maior e retome a prática.

Erros comuns

Três deslizes aparecem com frequência: esticar demais as correntinhas iniciais, torcer a corrente ao trabalhar a primeira carreira e contar correntinhas sem atenção, o que gera peças em zigue-zague. Para evitar, use um marcador a cada 20 correntinhas.

Aplicações práticas

Correntinhas servem para montar bases de mantas, detalhes de cordões e alças de bolsas. Um exemplo simples: 120 corr + volta de ponto baixo = faixa de headband infantil. O ganho de confiança ao criar algo utilizável desde o primeiro dia é enorme!

3. Ponto Baixo: Firmeza e Delimitação

Passo a passo detalhado

Insira a agulha na alça da correntinha, laçada, puxe uma laçada (duas na agulha), laçada novamente e puxe pelas duas. Visualize um “V” bem definido no topo — isso indica tensão correta. Pratique carreiras de 20 pontos por 10 carreiras para ajustar a memória muscular.

Tensão ideal

O ponto baixo tem menor altura e, portanto, exige firmeza para que não encolha o projeto. Caso o trabalho envergue, provavelmente está apertado; se ondula, está frouxo. Mude a agulha ou regule a pegada.

Quando usar

Marcelo recomenda ponto baixo em bases de tapetes e bolsas, pois cria textura densa que sustenta peso. Também é a “cola” em peças de amigurumi, gerando acabamento sem buracos.

Comparativo de Pontos Fundamentais

PontoAltura MédiaConsumo de FioUso Típico
Correntinha0 cmMuito baixoInício de carreiras, cordões
Ponto Baixo0,5 cmElevadoAmigurumis, bases firmes
Meio Ponto Alto1 cmMédioRoupas, barrados
Ponto Alto1,5 cmBaixoMantas, peças vazadas
Ponto Alto Duplo2 cmBaixoRendados, xales

4. Meio Ponto Alto e Ponto Alto: Ganhando Altura e Velocidade

Entendendo as laçadas

No meio ponto alto (mpa) faça uma laçada antes de inserir a agulha, puxe o fio (três laçadas na agulha) e arremate todas de uma vez. Já no ponto alto (pa) repete-se o início, porém arremata em duas etapas: laçada, puxa duas, laçada, puxa duas. Essa diferença garante maior altura e, consequentemente, cobertura de área em menos carreiras.

Aproveitando textura

Pontos altos criam fileiras mais abertas, ideais para peças respiráveis como blusas de verão. Combine carreiras de mpa e pa para efeitos de relevo, facilitando variações criativas sem complexidade extra.

Otimizando velocidade

Ao alternar pa com correntinhas (rede), você dobra o rendimento. Por exemplo, 1 pa + 1 corr em repetição produz 1 m² de manta com 20% menos fio e 40% menos tempo em comparação ao pa fechado — ótimo para quem produz sob encomenda.

5. Lendo Gráficos de Crochê: Símbolos que Falam

Notação internacional

Os gráficos de crochê seguem símbolos padronizados pela Craft Yarn Council. No vídeo, Marcelo apresenta os mais utilizados: traço vertical curto (ponto baixo), “T” com uma perna (mpa) e “T” completo (pa). A correntinha é um círculo vazio. Saber isso permite ler revistas japonesas ou russas sem dominar o idioma.

Dicas de interpretação

Comece identificando a seta ou círculo central que marca o início. Marque com lápis as carreiras já executadas e use post-its para não se perder. Tablets e aplicativos como Adobe Reader permitem destacar digitalmente, economizando papel.

Ferramentas digitais

Softwares gratuitos como Stitch Fiddle geram gráficos customizados. Basta inserir o ponto, repetir e baixar em PDF. Bom para designers independentes que vendem receitas online.

“Ler gráfico é como ler música: no início você conta e marca cada nota, mas, com prática, a melodia flui naturalmente.” — Marcelo Nunes, designer de crochê e professor com mais de 30 mil alunos online.

6. Projetos Iniciais para Praticar e Evoluir

Porta-copos circular

Inicie com 6 corr, feche em anel, suba 3 corr e faça 15 pa. Na segunda carreira, dobre para 30 pa (2 pa em cada ponto). Arremate, esconda o fio com agulha de tapeçaria. Em menos de 30 minutos você tem um item vendável.

Barrado simples para pano de prato

Com a beirada já perfurada, faça 1 corr em toda a extensão, depois 1 mpa + 1 corr. Aumente a cada canto com 2 mpa no mesmo ponto para evitar repuxos. Excelente exercício de uniformidade.

Amostra de manta retangular

Monte 80 corr (+3 para virar). Trabalhe 10 carreiras de pa e 2 carreiras de pb. Esse contraste evidencia erros de tensão e permite medição de amostra (square de 10 × 10 cm) para projetos maiores.

7 passos para seu primeiro projeto sem frustrações

  1. Escolha um fio claro de espessura média.
  2. Assista ao vídeo completo uma vez antes de iniciar.
  3. Separe todos os materiais listados.
  4. Pratique 20 correntinhas até ficarem uniformes.
  5. Execute 5 carreiras de ponto baixo para fixar ritmo.
  6. Alterne 3 carreiras de mpa e 3 de pa para entender alturas.
  7. Finalize arrematando e escondendo fios com agulha de tapeçaria.

Benefícios imediatos do crochê para iniciantes

  • Melhora da coordenação motora fina
  • Alívio de estresse e ansiedade
  • Geração de renda extra com peças simples
  • Conexão com comunidade artesanal ativa
  • Consumo consciente por meio de fios reciclados

Perguntas Frequentes (FAQ)

1. Quantas horas de prática preciso para dominar os pontos básicos?

Com 20 minutos diários, em duas semanas você terá segurança em corr, pb, mpa e pa.

2. Posso usar lã ao invés de algodão?

Sim, mas fios de lã tendem a “pelar”, escondendo erros e dificultando a visualização. Para aprendizado, prefira algodão.

3. Como corrigir diferença de tensão entre carreiras?

Anote o número de laçadas e respire; tensão costuma variar com humor. Se persistir, troque a agulha por 0,25 mm maior ou menor.

4. Existe idade mínima para aprender crochê?

Não há contra-indicação. Crianças de 7 anos já conseguem executar correntinhas com supervisão.

5. É possível viver de crochê?

Muitos artesãos faturam entre R$ 1 500 e R$ 5 000 mensais. A chave é eficiência e presença digital.

6. Como evitar dores nas mãos?

Faça pausas a cada 30 minutos, alongue dedos e procure agulhas anatômicas com cabo emborrachado.

7. Barbante barato compromete o resultado?

Fios de baixa torção arrebentam com facilidade. Invista em marcas reconhecidas para evitar retrabalho.

8. Qual é o melhor ponto para começar amigurumi?

Ponto baixo. Ele cria malha densa, impedindo o enchimento de escapar.

Croche para iniciantes

Revisitamos o passo a passo ensinado por Marcelo Nunes para quem deseja mergulhar no crochê para iniciantes. Resumindo:

  • Correntinha: fundação de qualquer peça
  • Ponto baixo: estrutura e firmeza
  • Meio ponto alto: versatilidade
  • Ponto alto: rapidez e leveza
  • Interpretação de gráficos: independência criativa
  • Projetos práticos: porta-copos, barrados e amostras

Agora é sua vez: separe fios, agulha e reveja o vídeo incorporado para acompanhar cada movimento. Compartilhe suas criações usando a hashtag #crocheparainiciantes e marque @marcelonunescroche no Instagram. Bons pontos e até a próxima aula!

Créditos: Conteúdo baseado na videoaula “Crochê para Iniciantes – Pontos Básicos e Fundamentais” do canal Marcelo Nunes Crochê. Este artigo é informativo e não substitui o estudo completo do vídeo.

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