Crises no Qatar e na Polônia desafiam a liderança de Trump logo após dois anos de promessas de ação rápida em Gaza e na Ucrânia. Em menos de 24 horas, a Casa Branca viu Israel bombardear escritórios do Hamas em Doha e drones russos violarem o espaço aéreo polonês, elevando a pressão sobre Washington.
O ataque israelense ocorreu dois dias depois de o governo Trump apresentar novas propostas para encerrar o conflito em Gaza. Em sua rede Truth Social, o presidente alertara o Hamas de que essa seria “a última chance”. Doha, que abriga uma das maiores bases aéreas dos EUA, classificou a operação como “violação flagrante do direito internacional”, alimentando suspeitas de conivência norte-americana.
Crises no Qatar e na Polônia desafiam a liderança de Trump
Questionada, a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, afirmou que a informação chegou tarde demais para avisar o aliado do Golfo. “Bombardear unilateralmente um parceiro que trabalha pelo cessar-fogo não serve aos objetivos de Israel nem dos EUA”, declarou. Já o premiê israelense, Benjamin Netanyahu, insistiu tratar-se de iniciativa “totalmente independente”. Analistas veem o episódio como teste à capacidade de Trump de influenciar Tel Aviv, especialmente após reiterados ataques israelenses na região com anuência norte-americana.
Incursão russa eleva tensão na OTAN
Horas depois, Varsóvia relatou que 19 drones russos avançaram profundamente sobre o território polonês. O primeiro-ministro Donald Tusk classificou o episódio como “o momento mais próximo de conflito aberto desde 1945”. Embora Moscou negue intenção hostil, especialistas citados pela BBC enxergam um claro teste à OTAN e, por extensão, à determinação de Trump.
A reação inicial da Casa Branca foi o silêncio, contrastando com o rápido protesto no caso do Qatar. Só mais tarde Trump escreveu: “O que acontece com a Rússia violando o espaço aéreo da Polônia? Aqui vamos nós!”. A falta de medidas concretas reacendeu dúvidas entre aliados europeus, que trabalham com Washington em um novo pacote de sanções, o primeiro desde o retorno do republicano à Casa Branca.
Pressão interna e externa
Apesar de recente acordo que facilita a compra de armamentos norte-americanos pelos membros da OTAN, governos europeus querem garantias de que, diante de ameaças à soberania de um aliado, os Estados Unidos reagirão sem hesitação. Especialistas lembram que o poder militar e diplomático norte-americano continua sendo o pilar da aliança atlântica.
Em dois dias, Trump viu aliados estratégicos questionarem sua capacidade de conter Israel e Rússia. O mundo agora observa se o presidente transformará declarações em ações e restaurará a confiança na liderança norte-americana.
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