Cortes de Trump na ciência ameaçam avanço espacial dos EUA

Cortes de Trump na ciência estão provocando um aperto orçamentário que ameaça dois dos mais ambiciosos projetos astronômicos dos Estados Unidos instalados no Deserto do Atacama, Chile: o Observatório Vera C. Rubin e o Telescópio Gigante Magalhães (GMT).

Com oito andares, câmera de bilhões de pixels e capacidade de mapear todo o céu a cada quatro dias, o Rubin começará a operar em outubro. No entanto, seu sucesso depende de telescópios complementares, como o GMT, ainda em fase inicial de construção a 130 km dali.

Cortes de Trump na ciência ameaçam avanço espacial dos EUA

A National Science Foundation (NSF) investiu quase US$ 600 milhões no Rubin, além de US$ 320 milhões do Departamento de Energia, mas precisa de cerca de US$ 80 milhões por ano para mantê-lo. Já o GMT, financiado principalmente por universidades norte-americanas, requer até US$ 1,3 bilhão adicionais da NSF para ser concluído até 2035.

As reduções impostas pelo governo Donald Trump cortaram a força de trabalho da NSF de 1.800 para 1.100 funcionários, reduziram pela metade o orçamento previsto para 2026 e encolheram bolsas de pós-doutorado e pós-graduação. Pesquisadores alertam que a escassez de pessoal pode comprometer a análise dos enormes volumes de dados que o Rubin produzirá.

Segundo a agência Bloomberg, o vácuo criado pelos EUA abre caminho para que a China amplie sua presença na astronomia. Pequim já opera um observatório de rádio na Argentina, planeja outro telescópio óptico no Atacama e constrói, em território chinês, o maior radiotelescópio de prato único do mundo, com área equivalente a 30 campos de futebol.

Rebecca Bernstein, cientista-chefe do GMT, alerta que sem o novo telescópio os EUA “apenas descobrirão objetos e os colocarão à disposição dos concorrentes”. Em uma semana de testes, o Rubin detectou mais de 2 mil asteroides — 10% do total anual típico de todos os telescópios do planeta — demonstrando o potencial científico que pode ser desperdiçado.

Embora a NSF afirme “continuar investindo fortemente” para manter a liderança científica norte-americana, a continuidade dos projetos chilenos depende de novo aporte financeiro. O conselho do GMT busca ampliar parcerias internacionais com Austrália, Brasil, Coreia do Sul e Taiwan para não perder o cronograma.

O futuro da pesquisa espacial norte-americana pode ser definido nos próximos anos: sem recursos para concluir o GMT e sustentar o Rubin, descobertas cruciais podem migrar para rivais, alterando o equilíbrio da ciência global.

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Imagem: RubinObs/NOIRLab/SLAC/NSF/DOE/AURA

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