Coreia do Sul torna obrigatória a instalação de painéis solares em estacionamentos com mais de 80 vagas

Estacionamentos espalhados pelas cidades da Coreia do Sul passam a assumir um papel duplo: além de acomodar veículos, esses espaços deverão produzir eletricidade a partir do sol. A partir deste mês, todo estacionamento público com área igual ou superior a 1.000 m² — cerca de 80 vagas padrão — precisará contar com coberturas equipadas com painéis fotovoltaicos. A medida, instituída pelo Ministério do Comércio, Indústria e Energia, aplica-se tanto a novas construções quanto a estruturas já existentes, ampliando de forma acelerada a participação de fontes renováveis na matriz nacional.
- Detalhes essenciais da nova exigência
- Uso inteligente de áreas já construídas
- Como funcionam as coberturas fotovoltaicas
- Benefícios ambientais e energéticos
- Impacto econômico esperado
- Exceções e flexibilidade operacional
- Conexão direta com a mobilidade elétrica
- Modelos semelhantes em outros países
- Expectativas de curto e médio prazo
Detalhes essenciais da nova exigência
A regulamentação foi apresentada em agosto e passou por consulta pública até 23 de setembro. Com a fase de contribuições encerrada, a regra entra em vigor imediatamente. O texto determina que estacionamentos enquadrados no critério de área devem instalar coberturas solares, também conhecidas como carports, capazes de gerar energia limpa enquanto oferecem sombra aos usuários. Proprietários dos espaços podem, se preferirem, arrendar a área a operadores especializados que assumirão todo o investimento, a instalação e a manutenção do sistema fotovoltaico.
A obrigatoriedade não abrange todos os tipos de garagens. Ficam excluídos estacionamentos subterrâneos, garagens mecânicas que utilizam plataformas ou elevadores e áreas dedicadas exclusivamente a caminhões. Ao delimitar essas exceções, o governo busca assegurar viabilidade técnica sem impor adaptações caras ou inviáveis a estruturas menos adequadas para instalações solares.
Uso inteligente de áreas já construídas
Ao exigir a instalação de painéis sobre vagas de estacionamento, a política evita a necessidade de desmatar, desapropriar ou impermeabilizar novas áreas. Superfícies que já existiam na paisagem urbana passam a ter uma função adicional, maximizando a eficiência no uso do solo. A lógica é direcionar a geração de energia para espaços que, na maior parte do dia, ficam expostos ao sol, mas subutilizados em termos de infraestrutura energética.
Como funcionam as coberturas fotovoltaicas
As coberturas consistem em estruturas metálicas elevadas sobre as vagas. No topo, painéis de silício transformam radiação solar em eletricidade. Essa eletricidade pode ser injetada na rede ou consumida localmente, reduzindo a demanda de fontes fósseis. Abaixo dos painéis, motoristas encontram sombra contra sol intenso, chuva ou neve. Esse abrigo minimiza o aquecimento da cabine, diminui o uso do ar-condicionado nos minutos iniciais da viagem e ajuda a preservar estofados, plásticos e componentes eletrônicos dos veículos.
Benefícios ambientais e energéticos
Ao gerar eletricidade perto dos pontos de consumo, as coberturas aliviam a rede de transmissão, reduzindo perdas elétricas. A produção distribuída favorece a estabilidade do sistema, sobretudo em horários de pico. Além disso, cada megawatt-hora gerado a partir do sol diminui a dependência de combustíveis fósseis, contribuindo para metas de redução de emissões.
Outro ganho relevante é o apoio ao crescimento dos veículos elétricos. Estacionamentos equipados com painéis podem integrar estações de recarga, suprindo parte ou toda a energia necessária para abastecer os automóveis ainda durante o período de estacionamento. A solução evita sobrecargas locais e oferece conveniência ao usuário, que devolve o carro à estrada com maior autonomia.
Impacto econômico esperado
O governo sul-coreano aponta a criação de empregos diretos e indiretos como um dos pilares da iniciativa. A demanda por projetistas, fabricantes de estruturas metálicas, fornecedores de módulos fotovoltaicos e instaladores tende a crescer à medida que milhares de estacionamentos se adaptam às novas exigências. Há também efeitos indiretos em cadeia, como o aumento de serviços de manutenção, monitoramento remoto e seguros especializados.
Para os proprietários de estacionamentos, a regra abre duas possibilidades de receita. Quem optar por instalar o sistema por conta própria poderá comercializar a energia ou utilizá-la para reduzir a fatura elétrica. Alternativamente, o arrendamento do espaço para operadores externos transforma a área em fonte de renda locatícia, sem necessidade de investimento inicial.
Exceções e flexibilidade operacional
O texto legal reconhece cenários em que a instalação seria tecnicamente impraticável. Garagens subterrâneas não recebem radiação solar e, por isso, estão dispensadas. Já as garagens mecânicas, que movimentam veículos por plataformas, possuem altura e dinâmica incompatíveis com estruturas fixas. Áreas reservadas a caminhões, por sua vez, exigem vãos mais altos e robustos, o que encareceria sobremaneira a solução.
Mesmo com essas exclusões, o universo de estacionamentos contemplado permanece vasto. Supermercados, centros comerciais, hospitais, universidades, sedes administrativas e prédios públicos compõem a lista de locais que deverão adotar a cobertura fotovoltaica nos próximos anos.
Conexão direta com a mobilidade elétrica
Além de gerar eletricidade, os carports funcionam como plataforma de eletrificação veicular. Veículos elétricos perdem parte da carga quando expostos a altas temperaturas, pois o sistema de gerenciamento da bateria ativa mecanismos de resfriamento. Ao estacionar sob sombra, esse consumo parasitário diminui, preservando a autonomia. Caso haja pontos de recarga ligados aos painéis, a energia captada pode compensar essa perda e, em muitos casos, acrescentar quilômetros extras antes da próxima recarga longa.
Modelos semelhantes em outros países
A Coreia do Sul não é pioneira nesse tipo de política, mas amplia significativamente sua escala. Nos Estados Unidos, por exemplo, um distrito de bombeiros no Arizona instalou carports solares em 12 estacionamentos. O conjunto gera anualmente mais de 1,23 milhão de kWh, energia suficiente para compensar as emissões de aproximadamente 185 mil veículos, segundo estimativas locais.
Em Nova York, recentes ajustes na legislação dobraram a área em que estacionamentos podem abrigar painéis solares e pontos de recarga. A mudança liberou cerca de 37 milhões de metros quadrados para projetos do gênero, reforçando a tendência de unir infraestrutura urbana e produção descentralizada de energia.
Expectativas de curto e médio prazo
Com a entrada em vigor da regra, o governo sul-coreano espera uma rápida disseminação das instalações fotovoltaicas. Autoridades do Ministério do Comércio, Indústria e Energia estimam que o uso de terrenos ociosos, como estacionamentos, elevará a eficiência do aproveitamento do solo e proporcionará benefícios perceptíveis à população, em especial durante períodos de calor intenso.
A expansão ajuda a diversificar a matriz elétrica nacional, aliviando a pressão sobre usinas térmicas movidas a combustíveis fósseis. Ao mesmo tempo, o aumento de geração distribuída reduz custos operacionais do sistema, uma vez que parte da energia será consumida no próprio ponto de produção.
Em síntese, ao transformar uma infraestrutura cotidiana em fonte de eletricidade sustentável, a Coreia do Sul reforça metas ambientais, dinamiza setores industriais e melhora a experiência diária de quem utiliza estacionamentos. A política cria um círculo virtuoso no qual energia limpa, conforto urbano e oportunidades de trabalho caminham lado a lado, indicando caminhos para outras nações que buscam soluções de baixo carbono em larga escala.
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