COP30 no Brasil: Carlos Nobre pede metas mais ambiciosas para barrar aquecimento acima de 1,5 °C

COP30 no Brasil: Carlos Nobre pede metas mais ambiciosas para barrar aquecimento acima de 1,5 °C

A 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30) teve início em território brasileiro e seguirá até o dia 21. O encontro reúne chefes de Estado, negociadores e especialistas na tentativa de definir novos passos para o enfrentamento da crise climática. Entre as vozes mais ouvidas na abertura está a do climatologista Carlos Nobre, considerado internacionalmente um dos cientistas mais respeitados na área. Ele sustenta que os compromissos firmados em edições anteriores não bastam para conter o avanço da temperatura média do planeta.

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Quem levanta o alerta

Carlos Nobre ganhou projeção global por suas pesquisas acerca da Amazônia e do sistema climático. Ao se pronunciar durante a conferência, o pesquisador reforçou que, sem ajustes significativos nos planos apresentados pelos governos, o objetivo central do Acordo de Paris — manter o aquecimento limitado a 1,5 °C em relação aos níveis pré-industriais — ficará fora de alcance em um horizonte muito próximo.

O que está em jogo

No centro da discussão está a diferença entre promessas e resultados concretos. As nações já se comprometeram, em COPs anteriores, com a neutralidade de carbono até 2050. No entanto, de acordo com Nobre, a combinação de tais compromissos com a trajetória real das emissões projeta um aquecimento de 2 °C a 2,5 °C ainda neste século. Essa projeção excede a meta de Paris e amplia a probabilidade de impactos severos nos sistemas naturais e sociais.

Quando o limite de 1,5 °C pode ser ultrapassado

Nobre observa que 2025 tende a ser o segundo ano mais quente já registrado e prevê que, dentro de cinco a dez anos, a elevação de 1,5 °C poderá tornar-se realidade permanente. Essa avaliação coloca pressão imediata sobre os negociadores, pois indica que o tempo para a adoção de medidas eficazes é curto.

Onde a COP30 acontece e por que isso importa

Esta é a primeira vez que a Conferência das Partes ocorre no Brasil, cenário que ganha relevância por abrigar a maior parte da Floresta Amazônica. O bioma é reconhecido como peça-chave na regulação do clima global, o que torna o país protagonista natural em qualquer debate sobre emissões e desmatamento. O local do evento reforça a necessidade de integrar conservação florestal e metas de redução de gases de efeito estufa.

Como os atuais compromissos são avaliados

O pesquisador sustenta que limitar-se à neutralidade de carbono em 2050 não é suficiente. Ele argumenta que a comunidade internacional deve antecipar cortes expressivos já na presente década, pois a manutenção do cronograma vigente faz com que a curva de emissões só desça com rapidez após 2030. Nesse intervalo, a temperatura continuaria escalando, agravando eventos extremos antes que qualquer benefício seja sentido.

Por que metas mais rígidas são necessárias

À medida que a temperatura sobe, ondas de calor, secas prolongadas, incêndios florestais, vendavais e precipitações intensas tornam-se mais frequentes. Nobre cita precisamente essa lista de fenômenos para ilustrar o desafio adicional: não basta reduzir emissões; é imperativo aumentar a capacidade de adaptação de milhões de pessoas. Países menos desenvolvidos, que dispõem de menores recursos, precisam de apoio técnico e financeiro para proteger suas populações.

Consequências dos 2 °C a 2,5 °C de aquecimento

Se o aquecimento ultrapassar a marca de 2 °C, a intensidade de episódios como inundações e deslizamentos tende a crescer, colocando em risco infraestrutura urbana, produção agrícola e abastecimento de água. Entre os exemplos recentes lembrados no encontro está um vendaval que causou destruição em Taquarituba, símbolo de como eventos isolados podem gerar prejuízos repentinos a comunidades inteiras.

Preparação e resiliência

Além dos debates sobre corte de emissões, Nobre enfatiza a urgência de financiar ações que tornem populações vulneráveis mais resilientes. Isso inclui sistemas de alerta precoce, obras de contenção contra enchentes e estratégias de manejo florestal que reduzam o risco de incêndios. A proposta é amarrar reduções de carbono e adaptação dentro de um mesmo pacote de políticas públicas, evitando que avanços em uma frente sejam neutralizados por carências na outra.

Propostas apresentadas pelo Brasil

O governo brasileiro destaca, entre suas iniciativas, a criação do Tropical Forests Forever Fund (TFFF). O mecanismo pretende angariar aproximadamente 125 bilhões de dólares por ano, provenientes de fontes públicas e privadas, para financiar projetos de preservação em florestas tropicais distribuídas por 70 países. A gestão ficará a cargo de um comitê em formação que abrigará representantes de todas as nações participantes.

Outro compromisso nacional reafirmado na COP30 é zerar o desmatamento até 2030. Paralelamente, o Brasil pretende reduzir suas emissões líquidas em patamares que variam de 59 % a 67 % até 2035, tomando como referência os níveis de 2005. Isso corresponde a uma meta de chegar a um volume anual situado entre 850 milhões e 1,05 bilhão de toneladas de dióxido de carbono equivalente. Tais números foram formalizados na COP29, realizada em Baku, no Azerbaijão, e voltam à mesa de negociações como exemplo de ambição que, segundo Nobre, precisa ser replicada globalmente.

Financiamento coletivo e responsabilidade compartilhada

Os valores previstos para o TFFF refletem um reconhecimento de que a preservação de florestas tropicais não é dever apenas dos países que as abrigam. Ao assegurar repasses anuais vultosos, o fundo busca repartir custos e benefícios, consolidando um modelo em que a comunidade internacional investe em um serviço ambiental que traz vantagens comuns, como absorção de carbono e manutenção da biodiversidade.

O caminho até o dia 21

Com a conferência recém-iniciada, espera-se que os delegados discutam ajustes nos cronogramas de neutralidade de carbono, ampliem o debate sobre adaptação e definam fontes adicionais de financiamento climático. Para Carlos Nobre, o êxito da COP30 depende de assumir metas que superem o padrão de edições anteriores, pois o calendário científico aponta que a janela de oportunidade para manter a temperatura sob controle é cada vez mais estreita.

Caso os países adotem apenas as decisões já registradas em conferências passadas, a probabilidade de restringir o aquecimento a 1,5 °C torna-se remota. Por isso, o pesquisador reforça que o encontro no Brasil pode configurar uma das últimas chances de ajustar trajetórias nacionais antes que o limiar crítico seja ultrapassado.

Próximos passos esperados

Até o encerramento oficial, resta aos negociadores delinear metas intermediárias mais severas — sobretudo para o período anterior a 2030 — e apresentar planos de implementação mensuráveis. O monitoramento transparente do progresso, bem como a destinação de recursos para adaptação em países de baixa renda, figuram entre os pontos a serem finalizados.

A posição de Carlos Nobre resume a urgência que permeia cada sessão de trabalho na COP30: o aquecimento global já se aproxima do limite indicado pela ciência, e as escolhas feitas agora definirão se a curva de temperatura se estabilizará próxima de 1,5 °C ou caminhará rumo a patamares de 2 °C ou mais, com impactos substancialmente maiores para sociedades e ecossistemas.

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