Continuação de Jumper: série Impulse mantém universo de teletransporte vivo e pode ser vista de graça no YouTube

Uma década após a estreia de Jumper nos cinemas, o enredo sobre teletransporte ganhou fôlego televisivo em Impulse, produção criada para o YouTube Premium que continua acessível sem custo na plataforma.

Origem cinematográfica e legado televisivo

Em 2008, o longa-metragem Jumper apresentou ao público a história de um jovem com a habilidade de se deslocar instantaneamente para qualquer lugar que conseguisse visualizar. O filme chegou às salas de cinema com a expectativa de tornar Hayden Christensen — reconhecido pelos papéis de Anakin Skywalker nos episódios II e III de Star Wars — uma presença constante em grandes franquias de Hollywood. Mesmo sem concretizar esse objetivo, a obra conquistou base de admiradores ao longo do tempo. Exibições frequentes na televisão aberta brasileira, em especial na grade da Rede Globo, contribuíram para que a narrativa fosse redescoberta por um público mais amplo, mantendo vivo o interesse por seu universo ficcional.

Da tela grande para o streaming: a gênese de Impulse

Dez anos após o lançamento do filme, o enredo ganhou continuidade em formato seriado. Em 2018, Impulse chegou ao catálogo do serviço que, à época, atendia pelo nome de YouTube Red — mais tarde rebatizado como YouTube Premium. A iniciativa fazia parte de um movimento estratégico do Google para incluir produções originais no portfólio da plataforma e competir diretamente com gigantes do streaming, como a Netflix.

Impulse foi desenvolvida por Jeffrey Lieber e manteve a ligação direta com o material de origem: assim como o longa, a série adaptou os livros de Steven Gould. A supervisão do próprio autor dos romances garantiu que elementos centrais do universo criado nas páginas fossem preservados na transposição para a televisão.

Equipe de produção e parceria de estúdio

Para viabilizar a nova versão da história de teletransportadores, o YouTube Premium contou com o trabalho da Universal Cable Productions. O estúdio assumiu a responsabilidade de transformar o roteiro em dois anos de episódios completos, reforçando o compromisso da plataforma com conteúdo seriado de alta qualidade. A associação entre o serviço de streaming, a experiência televisiva de Lieber e a supervisão literária de Gould resultou em uma narrativa que dialoga com os acontecimentos do filme e, simultaneamente, amplia as fronteiras daquele universo.

Henrietta “Henry” Coles: a nova protagonista

A condução do enredo em Impulse recai sobre Henrietta Coles, adolescente interpretada por Maddie Hasson. Aos 16 anos, Henry descobre possuir o mesmo dom que marcou o personagem de Jumper: a capacidade de se mover instantaneamente pelo espaço. Diferentemente do protagonista do longa, cuja relação com o poder se moldava pela experimentação, a jovem vivencia a primeira manifestação em circunstância traumática. Enquanto enfrenta a iminência de sofrer violência sexual, ela passa por uma convulsão que desencadeia o teletransporte. A partir desse acontecimento, Impulse aprofunda as consequências psicológicas do ataque frustrado e a maneira como o trauma está vinculado à ativação do dom.

Esse enfoque narrativo permite que a série explore não apenas a lógica fantástica do teletransporte, mas também temas de sobrevivência, culpa e resiliência. Cada salto involuntário coloca Henry perante cenários desconhecidos, realçando a imprevisibilidade de sua habilidade: a personagem nunca sabe qual será o destino final de cada deslocamento. Esse fator de incerteza agrega tensão constante e reforça a sensação de perda de controle, refletindo os efeitos do trauma que a acompanha.

Temporadas, enredo e disponibilidade

Impulse recebeu duas temporadas completas antes de seu encerramento em 2019. Durante esse período, foram apresentados episódios que aprofundaram as investigações de Henry sobre a origem de seu poder, as conexões com outros indivíduos capazes de se teletransportar e o impacto que esses fenômenos causam em sua comunidade. Todos os capítulos permanecem acessíveis no canal oficial da série no YouTube, dispensando assinatura do serviço pago.

Até o momento, nenhuma outra plataforma manifestou interesse em retomar a produção. Do mesmo modo, demais obras literárias de Steven Gould ambientadas no mesmo universo ainda não ganharam adaptações adicionais para cinema ou televisão. Assim, Impulse continua sendo o elo mais recente entre o filme de 2008 e possíveis futuras expansões da franquia.

Recepção positiva entre críticos e fãs

Embora o projeto tenha sido interrompido após a segunda temporada, a decisão não decorreu de rejeição do público ou da imprensa especializada. Segundo compilações de avaliações profissionais, a primeira leva de episódios registrou 100 % de aprovação no Rotten Tomatoes, plataforma que consolida críticas de veículos reconhecidos. Números tão altos de consenso favorável são incomuns, inclusive entre séries com ampla visibilidade midiática, indicando boa acolhida à abordagem sombria e introspectiva proposta por Impulse.

Razões para o cancelamento

O fim prematuro da produção está associado a uma mudança de rota do YouTube. Quando o Google concluiu que o YouTube Premium não alcançaria competitividade suficiente em relação a serviços consolidados de streaming, direcionou seus recursos para fortalecer conteúdos criados pela própria comunidade de usuários — área que historicamente representa o principal diferencial da plataforma. Dentro desse novo planejamento, a manutenção de séries roteirizadas, custosas e de longo prazo tornou-se secundária.

Essa alteração estratégica afetou não apenas Impulse. Outra série originalmente lançada no YouTube, Cobra Kai, quase teve o mesmo destino, sendo posteriormente acolhida por uma concorrente do mercado de streaming. No caso da história de Henry Coles, contudo, nenhuma empresa repetiu o interesse, e a saga dos teletransportadores encerrou-se ali.

Situação atual do universo Jumper

Com a presença contínua do filme na programação televisiva e a disponibilidade integral das duas temporadas de Impulse no YouTube, o público mantém acesso às principais obras que compõem o universo narrativo concebido por Steven Gould. Para fãs que acompanharam Jumper desde 2008 ou para espectadores que descobriram a história em reprises na TV aberta, a série oferece um complemento direto que aprofunda a mitologia dos teleportes, apresenta novos personagens e contextualiza os eventos ocorridos após o longa.

Até que surja interesse comercial para novos projetos, Impulse permanece como a extensão mais abrangente do material original. Por estar hospedada de forma gratuita, a produção se converteu em porta de entrada acessível para uma narrativa que encontrou, primeiro nos cinemas e depois no streaming, meios de se reinventar e persistir.