Comunidade ucraniana no Canadá acompanha cúpula Trump-Putin com cautela

A reunião entre o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o presidente da Rússia, Vladimir Putin, marcada para esta sexta-feira (data local), é observada com expectativa e cautela pelos ucranianos que vivem no Canadá. Lideranças da diáspora – a segunda maior do mundo – temem que qualquer entendimento ignore a soberania de Kiev, mas reconhecem o papel de Ottawa na defesa dos interesses ucranianos.

Expectativa pelo posicionamento norte-americano

“Estamos assistindo com curiosidade”, afirmou Ihor Michalchyshyn, diretor-executivo do Congresso Ucraniano Canadense. “Queremos saber se Trump se mostrará aliado da Rússia, da Ucrânia ou de uma terceira via.”

Na véspera da cúpula, Trump declarou que pretende “preparar terreno” para um segundo encontro que inclua o presidente ucraniano Volodymyr Zelenskyy. A fala reduziu a expectativa de anúncios imediatos, mas levantou dúvidas sobre os rumos das negociações.

Coordenação com aliados

Na última quarta-feira, líderes europeus e o primeiro-ministro canadense, Mark Carney, participaram de videoconferência com Zelenskyy e o vice-presidente norte-americano, JD Vance. Todos reafirmaram que qualquer decisão sobre o futuro da Ucrânia deve partir dos próprios ucranianos.

Carney, que assumiu o cargo no início do ano, lembrou o compromisso de Ottawa com a integridade territorial do país invadido pela Rússia em 2014 e novamente em 2022. Durante a cúpula do G7 em Alberta, no meio do ano, ele anunciou um pacote militar superior a US$ 2 bilhões, além da liberação da primeira parcela de recursos obtidos com ativos russos congelados.

Mobilização humanitária no Canadá

Desde o início da invasão em grande escala, a Fundação Canadá-Ucrânia (CUF) já enviou mais de US$ 95 milhões em ajuda humanitária. Segundo o diretor Valeriy Kostyuk, houve picos de doações após o encontro turbulento entre Trump e Zelenskyy, em fevereiro, e depois das ameaças de Washington de “transformar o Canadá no 51.º estado” norte-americano.

A fundação concentra esforços na reunificação de crianças ucranianas levadas à força para a Rússia – mais de 19 mil, de acordo com estimativas de pesquisadores. “Esse tipo de transferência forçada visa apagar a identidade ucraniana”, explicou Kostyuk, lembrando que o governo canadense lidera iniciativas internacionais para resolver o problema.

Temor de concessões territoriais

Hoje, Moscou controla cerca de 20% do território ucraniano. Mesmo com a possibilidade de um acordo que envolva trocas de terras, Trump prometeu “recuperar parte” das regiões ocupadas. Zelenskyy, no entanto, rejeita qualquer cessão, argumentando que as fronteiras são garantidas pela Constituição do país e só poderiam ser alteradas por referendo.

Para Michalchyshyn, a principal preocupação da comunidade é evitar que a ideia de renunciar a territórios se torne realidade. “Manter a integridade territorial da Ucrânia é linha vermelha para o Canadá e para a Europa”, disse.

O encontro desta sexta-feira pode definir os rumos das negociações de paz, mas os ucranianos no Canadá reforçam que um acordo sustentável depende do respeito à soberania de Kiev.

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Com informações de Global News

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