Cometa 3I/ATLAS exibe metais raros em proporção inédita

Cometa 3I/ATLAS surpreende astrônomos ao exibir níveis incomuns de níquel e ferro enquanto atravessa o Sistema Solar, fenômeno nunca registrado em outros visitantes interestelares.
O achado, descrito em artigo hospedado no repositório arXiv e ainda sujeito à revisão por pares, foi possível graças ao Espectrógrafo Echelle Ultravioleta e Visível (UVES), instalado no Very Large Telescope do Observatório Europeu do Sul, no Chile. A equipe internacional analisou seis sessões de observação, com o objeto a distâncias entre 3,14 e 2,14 unidades astronômicas (UA) do Sol, identificando emissão constante de níquel e aparecimento de ferro a partir de 2,64 UA.
Cometa 3I/ATLAS exibe metais raros em proporção inédita
A presença simultânea desses metais em temperaturas tão baixas desafia a compreensão atual sobre a composição de cometas. Embora rastros metálicos já tenham sido detectados em 2I/Borisov e em corpos do próprio Sistema Solar, a proporção de níquel para ferro no 3I/ATLAS é significativamente maior, indicando um processo químico extremo e singular.
Segundo o estudo, o cometa mede cerca de cinco quilômetros de diâmetro e sua massa é estimada em 33 bilhões de toneladas, tamanho superior aos seus predecessores 2I/Borisov e 1I/ʻOumuamua. Esses dados reforçam a diversidade de objetos que vagam entre as estrelas e ocasionalmente visitam a vizinhança solar.
A trajetória atual levará o 3I/ATLAS a passar a aproximadamente 29 milhões de quilômetros de Marte ainda esta semana. As sondas Mars Reconnaissance Orbiter, Mars Express e ExoMars Trace Gas Orbiter devem capturar imagens de alta resolução, fornecendo pistas sobre o núcleo, a estrutura e a possível origem do visitante.
Para alguns cientistas, como Avi Loeb, da Universidade de Harvard, a alta concentração de níquel em relação ao ferro pode sugerir processos incomuns, talvez análogos a ligas metálicas produzidas industrialmente na Terra. Outros pesquisadores defendem que investigações adicionais, inclusive espectroscopia em vários comprimentos de onda, serão decisivas para explicar o enigma. Informações detalhadas sobre a instrumentação podem ser consultadas no site oficial do Observatório Europeu do Sul.
Os autores do artigo destacam que futuras passagens de cometas interestelares podem ajudar a confirmar se o 3I/ATLAS é uma exceção ou parte de uma classe ainda desconhecida de objetos ricos em metais voláteis. Até lá, o enigma permanece aberto, alimentando debates sobre como e onde esses corpos se formam.
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Crédito da imagem: ATLAS / Universidade do Havaí / NASA.
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