Cometa 3I/ATLAS e a perda de contato com a sonda MAVEN: fatos confirmados pela NASA

O cometa 3I/ATLAS virou assunto nas redes sociais depois que a sonda MAVEN, em órbita de Marte há 11 anos, deixou de responder aos comandos da NASA logo após atravessar um período de ocultação no início do mês. Publicações sugeriram que o objeto interestelar teria interferido no sistema da espaçonave ou até enviado sinais que provocaram a falha. A agência espacial, porém, informa que não há qualquer relação comprovada entre os dois eventos e trabalha para restabelecer a comunicação.
- O papel da sonda MAVEN na investigação da atmosfera marciana
- Como ocorreu a ocultação que interrompeu o contato com a MAVEN
- Campanha científica da MAVEN para observar o cometa 3I/ATLAS
- Por que o cometa 3I/ATLAS não pode ter causado a falha de comunicação
- Origem e alcance da desinformação envolvendo o cometa 3I/ATLAS
- Procedimentos adotados pela NASA para retomar o contato com a MAVEN
O papel da sonda MAVEN na investigação da atmosfera marciana
Lançada para estudar a alta atmosfera de Marte, a MAVEN (Mars Atmosphere and Volatile EvolutioN) opera desde 2014 em órbita do planeta vermelho. Ao longo de mais de uma década, a nave forneceu dados essenciais sobre a perda de gases atmosféricos para o espaço e ajudou a mapear a interação entre o vento solar e a ionosfera marciana. Antes da anomalia, a telemetria de rotina indicava funcionamento normal: não havia falhas de energia, problemas de orientação nem danos aos instrumentos.
Como ocorreu a ocultação que interrompeu o contato com a MAVEN
A perda temporária de sinal teve início no dia 6, quando Marte se posicionou entre a Terra e a sonda, bloqueando a comunicação por rádio — situação conhecida como ocultação. O procedimento é comum em missões interplanetárias: durante o alinhamento, comandos são suspensos, e o restabelecimento acontece assim que o planeta deixa de obstruir a linha de visão. Desta vez, porém, a MAVEN não voltou a responder após o término da ocultação, levando equipes da missão e da Deep Space Network (rede de antenas para espaçonaves de espaço profundo) a iniciar tentativas contínuas de reconexão.
Campanha científica da MAVEN para observar o cometa 3I/ATLAS
No período entre 27 de setembro e começo de outubro, a NASA conduziu uma campanha especial para investigar o cometa 3I/ATLAS, apenas o terceiro corpo celeste já detectado que se formou fora do Sistema Solar. Usando sua câmera ultravioleta, a MAVEN ajustou instrumentos durante cerca de dez dias a fim de registrar emissões em múltiplos comprimentos de onda e medir gases liberados pela coma do cometa. Entre os resultados preliminares, foi identificada a presença de hidrogênio, permitindo aos cientistas estimar a proporção entre hidrogênio comum e deutério — dado relevante para compreender a região de origem do objeto.
Por que o cometa 3I/ATLAS não pode ter causado a falha de comunicação
Especialistas da NASA explicam que o cometa 3I/ATLAS não chegou suficientemente perto de Marte nem da MAVEN para provocar interação física ou interferência eletrônica. Objetos interestelares atravessam o Sistema Solar em trajetórias de passagem rápida, sem permanecer nas proximidades de planetas ou sondas. Além disso, não há evidência científica de que cometas emitam sinais artificiais ou tenham capacidade de alterar sistemas de navegação. Os últimos dados enviados pela MAVEN, dois dias antes da perda de contato, confirmavam operação nominal, o que indica que o problema está ligado a fatores internos ou à própria geometria de comunicação da missão, não ao cometa.
Origem e alcance da desinformação envolvendo o cometa 3I/ATLAS
A coincidência temporal entre a observação do cometa 3I/ATLAS e a falha de contato abriu espaço para teorias sem respaldo científico. Postagens em plataformas sociais afirmaram que a nave teria recebido um “sinal alienígena”, entrado em giro ou sofrido mudança orbital. Algumas alegações sugeriram até que a NASA estaria ocultando dados sobre suposta destruição da sonda. Especialistas lembram que ligar acontecimentos pela simples proximidade no tempo é uma falácia causal recorrente e que missões espaciais estão sujeitas a falhas de comunicação independentes de eventos externos. Paralelamente, perfis de divulgação científica têm trabalhado para corrigir o boato, ressaltando a ausência de evidências.
Procedimentos adotados pela NASA para retomar o contato com a MAVEN
Desde a interrupção, engenheiros monitoram continuamente a Deep Space Network em busca de sinais telemétricos que indiquem atividade da sonda. Entre as medidas usuais estão o envio repetido de comandos de reinicialização, ajustes no apontamento das antenas terrestres e análise de todas as últimas transmissões recebidas. A agência enfatiza que falhas semelhantes já ocorreram em outras missões e foram resolvidas após dias ou semanas de tentativas. Até o momento, não existe declaração oficial de encerramento da missão MAVEN.
A próxima atualização da NASA será divulgada quando houver nova telemetria ou mudança no status das tentativas de comunicação em andamento.

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