O descarrilamento do Elevador da Glória, ocorrido na noite de quarta-feira no centro de Lisboa, provocou 16 mortos e cerca de 20 feridos, segundo balanço avançado pelo primeiro-ministro, Luís Montenegro. O número de vítimas mortais foi corrigido pelas autoridades, depois de inicialmente terem sido referidos 17 óbitos.
Perfil das vítimas confirmadas
De acordo com Margarida Castro Martins, responsável pela Autoridade Municipal de Proteção Civil de Lisboa, entre os mortos contam-se sete homens e oito mulheres. Algumas das vítimas eram estrangeiras, embora a origem exacta ainda não tenha sido divulgada.
Um trabalhador da empresa Carris, André Jorge Gonçalves Marques, que desempenhava funções de guarda-freio no funicular, está entre os falecidos. O sindicato Sitra descreve-o como “profissional dedicado, afável e sempre disponível para ajudar”.
Entre os passageiros encontrava-se igualmente uma família alemã. Segundo relatos da imprensa local, o pai morreu no local, a mãe permanece em estado crítico num hospital da capital e um menino de três anos sofreu apenas ferimentos ligeiros.
Fontes hospitalares revelaram ainda a morte de um homem na casa dos 50 anos e de uma mulher na casa dos 40, ambos funcionários da Santa Casa da Misericórdia. A mesma instituição confirmou que outros sete trabalhadores ficaram feridos.
Estado dos feridos
Os serviços de emergência indicam a existência de 12 mulheres e sete homens, com idades compreendidas entre 24 e 65 anos, entre os feridos. Cinco destes deram entrada no Hospital de São José em estado grave; um acabou por falecer, três permanecem estáveis e um continua em cuidados intensivos.
Quatro passageiros com lesões ligeiras — entre eles uma grávida e uma criança — receberam alta hospitalar ainda na quinta-feira. A Proteção Civil alerta, contudo, para a possibilidade de alterações no balanço de vítimas, já que o número exacto de ocupantes no momento do descarrilamento não é conhecido.
Contexto do acidente
O Elevador da Glória, inaugurado em 1885 e gerido pela Carris, liga a Praça dos Restauradores ao Jardim de São Pedro de Alcântara. Com capacidade para cerca de 40 passageiros, é considerado simultaneamente um meio de transporte essencial para residentes e uma atração turística emblemática de Lisboa.
As circunstâncias que levaram à saída de carris ainda estão sob investigação. Técnicos do Instituto da Mobilidade e dos Transportes e peritos da Polícia Judiciária recolheram material no local para determinar as causas do acidente. Até ao momento, não foram avançadas conclusões sobre falha mecânica, erro humano ou outros factores.
Resposta das autoridades e medidas em curso
O governo decretou um dia de luto nacional e assegurou apoio psicológico às famílias afectadas. Equipas de socorro, constituídas por bombeiros, INEM e Cruz Vermelha, mantiveram-se no local durante toda a noite de quarta-feira para estabilizar vítimas e garantir a segurança da área.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros informou que está em contacto com embaixadas dos países envolvidos. O Foreign Office britânico confirmou acompanhar a situação e disponibilizar assistência consular a residentes no Reino Unido que possam ter sido afectados.
Próximos passos da investigação
O relatório preliminar das entidades competentes deverá ser apresentado nos próximos dias. A Carris aguarda indicações técnicas para decidir sobre a eventual retoma do serviço, entretanto suspenso por tempo indeterminado. Até lá, a empresa reforçou os autocarros que circulam entre os Restauradores e o Bairro Alto para minimizar o impacto na mobilidade urbana.
A evolução clínica dos feridos mais graves e os resultados da investigação determinarão novas actualizações sobre um dos acidentes de transporte mais graves registados em Lisboa nos últimos anos.