Colapso da corrente oceânica AMOC pode desencadear inverno extremo na Europa nas próximas décadas

Colapso da corrente oceânica AMOC pode desencadear inverno extremo na Europa nas próximas décadas

Palavra-chave principal: colapso da corrente oceânica

Um levantamento internacional conduzido por cinco centros de pesquisa climática indica que o colapso da corrente oceânica responsável por transportar calor dos trópicos ao Hemisfério Norte pode ocorrer muito antes do imaginado. A Circulação de Revolvimento Meridional do Atlântico (AMOC), que inclui a Corrente do Golfo, exibe sinais de aproximação de um ponto de não retorno ainda nas próximas décadas, contrariando avaliações anteriores que descartavam um desligamento completo neste século.

Índice

O que é a AMOC e por que seu colapso da corrente oceânica preocupa

A AMOC funciona como uma esteira transportadora que leva água quente em direção ao Norte do Atlântico e devolve água fria em profundidades maiores para latitudes baixas. Esse mecanismo natural suaviza as temperaturas da Europa Ocidental, mantendo invernos amenos em cidades como Londres, Paris e Edimburgo. Quando a água quente se desloca para o norte, ela perde calor para a atmosfera, torna-se mais densa e afunda, completando o circuito. Esse processo é vital para a estabilização climática e para a distribuição global de calor.

O temor dos cientistas reside no fato de que a interrupção desse ciclo reduziria drasticamente o transporte de calor. Sem a AMOC, parte significativa da energia térmica que hoje aquece o noroeste europeu deixaria de chegar, abrindo caminho para condições climáticas semelhantes às de altas latitudes canadenses.

Quando o colapso da corrente oceânica pode acontecer

A nova modelagem, publicada na revista Environment Research Letters, projetou cenários climáticos até o ano 2500. Os resultados mostram que o ponto de inflexão que torna o desligamento da AMOC inevitável tende a ser atingido já nas próximas décadas. Depois de ultrapassado esse limiar, estimativas apontam para uma paralisação completa entre 50 e 100 anos.

No relatório anterior do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), havia apenas confiança moderada em que o sistema continuaria operando normalmente até 2100. O estudo mais recente, porém, redesenha o cronograma: a janela de tempo para uma mudança súbita é curta, o que amplia a urgência de medidas de contenção das emissões de gases de efeito estufa.

Como o colapso da corrente oceânica impactaria a Europa

A Europa Ocidental seria a região mais diretamente afetada. Modelos climáticos simulam dois efeitos principais que ocorreriam em sequência:

1. Invernos glaciais: Temperaturas poderiam cair a níveis inferiores a –30 °C em regiões do noroeste europeu, e o Mar do Norte teria grande probabilidade de congelar durante o inverno. Vagas de frio extremo tornariam recorrentes tempestades de neve, ampliando custos de aquecimento e pressionando infraestruturas urbanas.

2. Verões de seca extrema: A redução da umidade oceânica traria verões mais secos, impulsionando processos de desertificação. Há estimativa de queda de até 30% na produção agrícola europeia, sobretudo em culturas dependentes de regimes hídricos estáveis. Esse contexto aumentaria a vulnerabilidade alimentar de milhões de pessoas e exigiria adaptações na política de segurança alimentar.

Repercussões fora do continente europeu

Os Estados Unidos também entram no panorama de risco. O estudo projeta elevação do nível do mar ao longo da costa leste norte-americana, consequência do redirecionamento das massas de água após o enfraquecimento da AMOC. O aumento do nível das águas ampliaria o potencial de inundações e danos a comunidades litorâneas já expostas a tempestades tropicais.

Em escala global, a redistribuição de calor alteraria padrões de ventos, modificando sistemas de monção e zonas de convergência. Esses ajustes poderiam repercutir em regimes de chuva em outras regiões, ainda que o detalhamento desses impactos dependa de modelos regionais adicionais.

Por que o aquecimento global acelera o processo

Existem dois motores principais por trás do enfraquecimento observado:

Aquecimento atmosférico: À medida que a atmosfera se aquece, a superfície do oceano perde menos calor no inverno. A redução dessa perda impede que a água ganhe densidade suficiente para afundar, um passo essencial no fluxo descendente da AMOC.

Injeção de água doce: O derretimento acelerado de calotas polares adiciona grandes volumes de água com baixa salinidade ao Atlântico Norte. A água doce é menos densa do que a água salgada, dificultando ainda mais o afundamento. Esse processo funciona como um obstáculo físico, bloqueando a engrenagem que mantém a corrente em funcionamento.

A combinação desses fatores estabelece um ciclo de feedback. Quanto mais lenta a circulação, menor o transporte de calor; quanto menos calor perdido, mais lenta a circulação se torna. É por isso que os pesquisadores descrevem a AMOC como uma “fogueira com combustível em extinção”: mesmo que a alimentação de calor seja interrompida hoje, o sistema levaria décadas para se apagar por completo.

Risco existencial e limites da mitigação

Governos já classificam a possibilidade de colapso como ameaça à segurança nacional. A Islândia, por exemplo, considera o fenômeno um risco existencial, dada a proximidade com o Atlântico Norte e a dependência de condições marítimas estáveis para pesca e energia.

Os autores do estudo reforçam que cortes drásticos e imediatos nas emissões de gases de efeito estufa continuam sendo a principal ferramenta para reduzir a probabilidade de ruptura total. No entanto, mesmo ações rápidas podem não eliminar completamente o perigo, pois o sistema já apresenta sinais de fragilidade acumulada.

A projeção se estende até 2500, período que abrange não só as gerações atuais, mas também várias futuras, indicando que os efeitos de decisões presentes se refletirão por séculos.

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