Descobre as cinco bombas nucleares mais potentes alguma vez testadas
A corrida armamentista do século XX levou ao desenvolvimento de artefactos nucleares com capacidades de destruição sem precedentes. Entre centenas de dispositivos concebidos por Estados Unidos e União Soviética, cinco destacam-se pelo rendimento explosivo e pelo impacto geopolítico que desencadearam.
Tsar Bomba: recorde absoluto de 50 megatons
AN602, mais conhecida por Tsar Bomba, foi detonada pela União Soviética em 30 de outubro de 1961 no arquipélago de Nova Zembla. A carga libertou o equivalente a 50 megatons de TNT, cerca de 3 300 vezes a explosão de Hiroshima. O fogo atingiu 8 quilómetros de diâmetro e a nuvem em forma de cogumelo subiu a 70 quilómetros de altitude. Para proteger o bombardeiro Tu-95 que largou o engenho, foram usados paraquedas de travagem e um detonador de dois estágios, reduzindo deliberadamente o potencial máximo de 100 megatons.
B41: ogiva mais poderosa do arsenal norte-americano
Produzida entre 1960 e 1962, a B41 integrou a força estratégica dos Estados Unidos até ao início da década de 1970. O rendimento oscilava entre 25 e 26 megatons, conseguido através de múltiplos estágios de fissão e fusão. Com cerca de 10 toneladas e quatro metros de comprimento, podia ser transportada por bombardeiros B-52, constituindo um elemento central da dissuasão nuclear norte-americana durante a Guerra Fria.
Castle Bravo: teste que ultrapassou previsões
Em 1 de março de 1954, o teste Castle Bravo decorreu no Atol de Bikini, Ilhas Marshall. A previsão inicial apontava para 5 megatons, mas um erro na composição do combustível elevou o resultado final para 15 megatons. A libertação inesperada de material radioativo contaminou ilhas vizinhas e a tripulação do pesqueiro japonês Lucky Dragon 5, precipitando protestos internacionais e impulsionando negociações para limitar ensaios a céu aberto.
Ivy Mike: primeira prova termonuclear
Detonada a 1 de novembro de 1952 no Atol de Enewetak, Ivy Mike foi o primeiro dispositivo a utilizar fusão nuclear de deutério e trítio, inaugurando a era das armas termonucleares. Com 10,4 megatons, destruiu por completo a ilha de Elugelab e criou uma cratera no fundo oceânico. Devido ao peso de 82 toneladas, tratou-se de um protótipo estacionário sem aplicação militar imediata, mas demonstrou a viabilidade de bombas de hidrogénio compactas.
B53: penetração de estruturas subterrâneas
A B53 entrou em serviço nos EUA em 1962 com potência máxima de 9 megatons. Concebida para destruir bunkers e silos fortificados, pesava quase quatro toneladas e mantinha formato cilíndrico para aumentar a capacidade de perfuração antes da detonação. Permaneceu operacional até 2011, quando foi desativada em virtude de acordos de redução de armamento e da modernização dos vectores nucleares.
Contexto e impacto
Estas cinco bombas ilustram o escalonamento tecnológico da Guerra Fria e os riscos associados a testes de grande magnitude. Se, por um lado, serviram como instrumentos de dissuasão estratégica, por outro, expuseram populações e ecossistemas a níveis críticos de radiação. O desenvolvimento subsequente de tratados como o Tratado de Proibição Parcial de Ensaios Nucleares, em 1963, procurou travar a contaminação atmosférica e reforçar mecanismos de controlo internacional.
Embora nenhuma destas cargas tenha sido usada em combate, a sua existência continua a simbolizar o poder de destruição acumulado por potências nucleares e a importância de iniciativas de não proliferação.

Imagem: US Air Force via olhardigital.com.br