Ciberataque em aeroportos europeus provocou atrasos e operações manuais de check-in no sábado (20), atingindo Heathrow, Bruxelas e Berlim. A invasão mirou o sistema MUSE, da Collins Aerospace, responsável pelo processamento eletrônico de embarque e despacho de bagagens.
Segundo comunicados oficiais, o ataque ocorreu na noite de sexta-feira, 19 de setembro, contra a provedora de tecnologia, e não contra companhias aéreas ou aeroportos diretamente. Como medida emergencial, os terminais passaram a registrar passageiros e malas à mão, o que gerou filas e insatisfação.
Ciberataque afeta aeroportos europeus e causa atrasos
Em Bruxelas, nove voos foram cancelados, quatro desviados e 15 enfrentaram atrasos superiores a uma hora até o meio-dia, informou a porta-voz Ihsane Chioua Lekhli. No Aeroporto de Brandenburg, em Berlim, não havia cancelamentos no final da manhã, mas os sistemas afetados permaneceram isolados da rede principal.
Heathrow, o mais movimentado da Europa, relatou impacto “mínimo” e sem cancelamentos diretamente vinculados ao incidente. Ainda assim, passageiros relataram longas demoras. A turista Maria Casey, que viajava para a Tailândia, aguardou três horas para despachar a mochila no Terminal 4: “Etiquetaram nossas bagagens à mão; só dois guichês estavam operando”, disse.
A Collins Aerospace, subsidiária da RTX Corp. (ex-Raytheon Technologies), declarou estar “trabalhando ativamente para restaurar a plena funcionalidade o mais rápido possível”. A empresa destacou que a falha se limita ao check-in eletrônico e pode ser contornada manualmente.
Especialistas veem o incidente como sinal de vulnerabilidade no setor. O analista de viagens Paul Charles afirmou à Sky News que se surpreende ao ver “uma das maiores companhias de aviação e defesa” afetada. Já Charlotte Wilson, da Check Point, avaliou que a dependência de plataformas compartilhadas torna a aviação um alvo cada vez mais lucrativo para cibercriminosos, enquanto o professor James Davenport, da Universidade de Bath, disse que, até o momento, o ataque se assemelha mais a vandalismo do que a tentativa de extorsão.
Para os viajantes, a orientação segue a mesma: conferir o status do voo antes de se dirigir ao aeroporto e chegar com antecedência. Em comunicado conjunto, os terminais pediram desculpas pelos transtornos.
Incidentes de segurança digital no transporte aéreo têm aumentado nos últimos anos. Um relatório da Organização da Aviação Civil Internacional (OACI) alerta que ataques à cadeia de fornecedores, como o visto agora, podem gerar “efeitos cascata” em diversos países.
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Crédito da imagem: Global News / Reprodução