China e Índia buscam trégua na cúpula da SCO

China e Índia buscam trégua na cúpula da SCO

China e Índia buscam trégua em meio a uma série de desentendimentos fronteiriços e pressões comerciais externas. O primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, desembarcou neste domingo na China para a reunião da Organização para Cooperação de Xangai (SCO), enquanto o presidente Xi Jinping também procura impulso para a economia chinesa afetada por tarifas norte-americanas.

China e Índia buscam trégua na cúpula da SCO

Desde quarta-feira, produtos indianos como diamantes e camarões enfrentam tarifas de 50% nos Estados Unidos, medida anunciada por Donald Trump em retaliação à manutenção das compras indianas de petróleo russo. Analistas apontam que o aumento dos custos ameaça o setor exportador da Índia e seus planos de crescimento acima de 6% ao ano.

Do lado chinês, Xi administra uma desaceleração interna ao mesmo tempo em que as sobretaxas americanas pressionam o planejamento industrial. Nesse cenário, uma reaproximação entre China e Índia surge como possibilidade para reduzir riscos e atrair novos fluxos comerciais.

Os dois países têm histórico de desconfiança alimentado por disputas territoriais no Himalaia. O episódio mais crítico ocorreu em junho de 2020, quando confrontos no Vale de Galwan resultaram em mortes e congelaram projetos bilaterais: voos diretos foram suspensos, vistos limitados e mais de 200 aplicativos chineses — entre eles TikTok — foram banidos na Índia.

Mesmo assim, especialistas do think tank britânico Chatham House avaliam que qualquer avanço no diálogo impactará a estabilidade asiática. Já economistas chineses defendem que a combinação da capacidade industrial de Pequim com o setor de serviços indiano pode remodelar cadeias globais, diversificando as exportações além dos Estados Unidos.

A agenda preliminar da SCO inclui a retomada de voos diretos, facilitação de vistos e possíveis acordos fiscais. A Índia também pleiteia redução de tarifas de importação de insumos e quer atrair fábricas de eletrônicos, citando o caso da Apple, que já monta iPhones em território indiano.

Embora executivos vejam poucas chances de investimentos chineses de grande porte — como uma fábrica da BYD — analistas falam em “vitórias graduais” que sinalizem disposição política. Para Nova Délhi, o gesto serve ainda como recado a Washington: o país dispõe de alternativas em um mundo multipolar.

No fim da viagem, Modi fará escala no Japão para conversas sobre cadeia de suprimentos asiática, estratégia que reforça o discurso de “Produzir na Ásia para a Ásia”. Segundo consultorias setoriais, o reposicionamento de China e Índia pode reduzir custos logísticos e acelerar o fluxo de componentes eletrônicos na região.

Uma única reunião dificilmente apagará décadas de rivalidade, mas o encontro na SCO oferece terreno para reconstruir pontes e sinalizar ao mercado internacional que a cooperação ainda é possível.

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Crédito da imagem: Getty Images

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