CEO da Nvidia vende lote de US$ 12,9 milhões em ações dentro de plano de desinvestimento
Jensen Huang, diretor-presidente da Nvidia, alienou 75 mil ações da companhia na sexta-feira, 18 de agosto, operação que resultou em aproximadamente US$ 12,94 milhões. A transação foi comunicada à Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos (SEC) e integra um programa de venda iniciado em março, que autoriza o executivo a negociar até 6 milhões de papéis da própria empresa.
O plano segue a regra 10b5-1, mecanismo que permite a executivos estabelecerem datas e quantidades de negociação antecipadamente, reduzindo riscos de acusações de uso de informação privilegiada. Desde a adoção do procedimento, Huang já vendeu pelo menos 300 mil ações, movimentando valor superior a US$ 49 milhões.
A alienação mais recente ocorre em meio ao avanço histórico da Nvidia no mercado acionário. Impulsionada pela procura global por chips voltados a inteligência artificial, a companhia ultrapassou a marca de US$ 4 trilhões em valor de mercado, posicionando-se como a empresa de capital aberto mais valiosa do mundo. Na mesma semana da venda, os papéis encerraram o pregão em alta de 4%.
Além do desempenho financeiro, a fabricante de semicondutores tem buscado consolidar presença em mercados estratégicos. De acordo com a rede CNBC, a Nvidia aguarda sinalização formal de Washington para retomar o envio do chip H20 à China. Desenvolvido especificamente para atender às restrições norte-americanas de exportação de tecnologia avançada, o modelo aguarda apenas as licenças finais para que os embarques sejam liberados.
Em coletiva de imprensa realizada em Pequim na quarta-feira, 16 de agosto, Huang destacou a importância do país asiático nos planos de expansão da empresa. O executivo afirmou que espera comercializar, no futuro, versões ainda mais poderosas de processadores gráficos para clientes chineses, apesar das tensões comerciais entre Estados Unidos e China.
O chip H20 integra uma linha criada pela Nvidia para contornar os limites impostos pelo governo norte-americano ao envio de semicondutores de alto desempenho a compradores chineses. A expectativa de liberação das exportações ocorre após “sinal verde” inicial da administração Trump, segundo a CNBC, e influenciou positivamente o sentimento do mercado na semana.
No âmbito corporativo, a prática de venda programada de ações por executivos é vista como instrumento de transparência. Ao estabelecer previamente quantidades e datas, o 10b5-1 reduz a possibilidade de interpretações de que as negociações ocorreram com base em informações não públicas. O documento protocolado por Huang em março detalha um volume máximo de 6 milhões de ações a serem vendidas ao longo do tempo — parcela que representa fração de sua participação acionária total.
O interesse de investidores na Nvidia se intensificou após a expansão de aplicações de inteligência artificial generativa, que dependem de unidades de processamento gráfico (GPUs) desenvolvidas pela companhia. Plataformas de grande escala, como modelos de linguagem, demandam volumes expressivos de hardware especializado, fator que contribuiu para o aumento de valor de mercado da fabricante.
Mesmo diante das restrições de exportação, a China continua relevante para a estratégia global da empresa por concentrar importantes centros de dados e mercados de tecnologia. Ao buscar aprovação para o H20, a Nvidia pretende manter o fluxo de receitas no país sem confrontar diretamente as normas de controle estabelecidas por Washington.
Até o momento, não há indicação de que a venda das 6 milhões de ações seja alterada. Caso todos os lotes previstos sejam negociados, o executivo deverá reduzir de forma limitada sua participação, mantendo posição considerável na companhia que cofundou. A continuidade do plano permanecerá sujeita às condições de mercado e aos parâmetros definidos previamente perante a SEC.
Com a valorização expressiva dos papéis e a perspectiva de novos contratos no setor de inteligência artificial, analistas acompanham o impacto de eventuais mudanças regulatórias na relação comercial entre Estados Unidos e China. Enquanto isso, a Nvidia prossegue com a execução de seu programa de governança corporativa e com o esforço para atender à crescente demanda por chips avançados em escala global.