Carta da OpenAI à Casa Branca pede extensão de incentivos do Chips Act a data centers de IA

Carta da OpenAI à Casa Branca pede extensão de incentivos do Chips Act a data centers de IA

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Pedido oficial busca ampliar benefícios fiscais já existentes

A OpenAI encaminhou à Casa Branca, no fim de outubro, um documento no qual solicita a ampliação dos incentivos tributários previstos no Chips and Science Act. A empresa propõe que o Advanced Manufacturing Investment Credit (AMIC) — abatimento de 35% sobre investimentos produtivos criado originalmente para estimular a fabricação de semicondutores nos Estados Unidos — também cubra a construção de data centers, servidores e demais componentes elétricos utilizados em redes de inteligência artificial. A medida, na visão da companhia, diminuiria o custo de capital associado a esse tipo de infraestrutura, destravaria recursos privados e aceleraria a expansão do setor de IA no país.

Quem assina e quem recebe a carta

O documento leva a assinatura de Chris Lehane, diretor de assuntos globais da OpenAI, e foi direcionado a Michael Kratsios, responsável pela área de ciência e tecnologia da Casa Branca. A comunicação foi tornada pública em 27 de outubro e apresenta um raciocínio centrado na necessidade de criar condições competitivas equivalentes às oferecidas por outras economias que já subsidiam com intensidade suas cadeias de tecnologia de ponta.

Detalhamento das propostas enviadas ao governo

Três pilares compõem o pedido da OpenAI:

1. Expansão do crédito fiscal — A inclusão de servidores, cabos elétricos, sistemas de resfriamento e instalações de data centers no escopo do AMIC permitiria, segundo a empresa, reduzir de forma significativa o dispêndio inicial de projetos de IA. O benefício, atualmente restrito a fábricas de chips, seria aplicado a toda a espinha dorsal necessária ao treinamento e à execução de modelos de inteligência artificial de larga escala.

2. Simplificação de licenciamento ambiental — A carta sugere a adoção de processos mais ágeis para aprovar construções e ampliações de centros de processamento de dados. A justificativa é que trâmites longos elevam prazos e custos, tornando o ambiente doméstico menos atraente para investidores.

3. Reserva estratégica de insumos críticos — A OpenAI defende a formação de estoques de cobre, alumínio, terras raras e outros materiais essenciais. A iniciativa seria uma forma de garantir fornecimento estável em cenários de escassez global, protegendo projetos de IA de interrupções de cronograma ou aumentos bruscos de preço.

Razões apresentadas pela companhia

Na avaliação da OpenAI, a infraestrutura de inteligência artificial exige investimentos de magnitude crescente, resultado direto do volume de dados processados e da complexidade dos modelos atuais. O documento argumenta que incentivos fiscais teriam efeito multiplicador ao:

Reduzir risco para financiadores privados, que passariam a contar com menor exposição de capital próprio.
Acelerar a execução de obras, encurtando a distância entre planejamento e operação dos centros de dados.
Contribuir para a autonomia tecnológica norte-americana, evitando dependência de infraestrutura localizada em outros países.

Repercussão em Washington e no Vale do Silício

Após vir a público, o documento alimentou discussões sobre a extensão do apoio estatal a companhias privadas de tecnologia. Parlamentares, investidores e assessores do governo divergiram quanto à conveniência de ampliar a área de cobertura do Chips Act. Entre críticos, surgiu o argumento de que o governo não deveria assumir custos que, em tese, poderiam ser arcados pelas próprias empresas do setor.

Posicionamento da diretoria financeira e recuo posterior

A repercussão ganhou força quando, em evento promovido pelo Wall Street Journal, a diretora financeira da OpenAI, Sarah Friar, mencionou a possibilidade de o governo “respaldar parte dos empréstimos” da corporação. A frase foi interpretada como um indício de busca por um resgate público. Dias depois, Friar explicou ter utilizado “o termo equivocado” e reafirmou que a organização não procura garantias federais. O objetivo, frisou, seria apenas criar um ambiente fiscal apto a agilizar aportes do mercado privado.

Declarações de Sam Altman sobre o tema

O CEO Sam Altman reiterou publicamente que a OpenAI não deseja garantias governamentais para construir seus data centers. Ele defendeu que “governos não devem escolher vencedores” nem “socorrer empresas que falham”, reforçando que a carta busca políticas de caráter geral e não subsídios direcionados exclusivamente à companhia.

Reações de aliados do presidente Donald Trump

A fala inicial de Sarah Friar provocou repercussão imediata entre aliados do presidente norte-americano, Donald Trump. O investidor David Sacks, presidente do Conselho Consultivo de Ciência e Tecnologia do governo, escreveu na plataforma X/Twitter que “não haverá resgate federal para IA”. Para Sacks, o país já abriga diversas líderes no segmento e, caso uma fracasse, outras ocuparão seu espaço.

Perspectivas financeiras apresentadas pela OpenAI

Durante a mesma sequência de declarações públicas, Sam Altman apresentou projeções que, segundo ele, sustentam o pedido de incentivo. A expectativa é fechar 2025 com receita superior a US$ 20 bilhões. Até 2030, a organização estima alcançar “centenas de bilhões” em faturamento anual, mantendo um plano de investimentos total que pode chegar a US$ 1,4 trilhão até o fim da década. Esses valores, de acordo com Altman, demandarão uma rede extensa de instalações de computação de alto desempenho, motivo pelo qual ampliar o escopo do AMIC se tornaria decisivo.

Contexto do Chips and Science Act

Aprovado em 2022, o Chips Act destinou cerca de US$ 39 bilhões a subsídios diretos e criou o AMIC, abatimento fiscal de 35% sobre despesas de capital em fábricas de semicondutores. O objetivo principal da lei é reduzir a dependência de chips produzidos no exterior, sobretudo na Ásia, e reforçar a segurança de cadeias produtivas consideradas estratégicas. Hoje, entretanto, parte da discussão em Washington gira em torno de se o conjunto de incentivos deve acompanhar a rápida expansão da IA, que, ainda que dependa de chips, exige infraestrutura auxiliar de escala semelhante.

Debate sobre licenciamento e abastecimento de matérias-primas

Além do crédito fiscal, a simplificação de licenciamento ambiental proposta pela OpenAI toca em um ponto sensível: processos de autorização para construção de grandes data centers podem consumir vários anos. A empresa sugere cronogramas mais previsíveis, mas mantém no texto a necessidade de padrões ambientais rigorosos. Já a criação de reservas estratégicas de cobre, alumínio e terras raras foi inspirada em programas existentes para petróleo e outras commodities críticas, com a finalidade de blindar projetos contra volatilidade de mercado ou gargalos logísticos.

Consequências possíveis para o ecossistema de IA

Se o pedido for atendido, a ampliação do AMIC poderá representar redução expressiva do custo dos futuros complexos de IA nos Estados Unidos. A OpenAI calcula que, para cada dólar de renúncia fiscal, múltiplos de capital privado seriam alocados em novos empreendimentos, aliviando gargalos já identificados por desenvolvedores de modelos de aprendizado profundo. Por outro lado, opositores ponderam que benefícios setoriais podem distorcer a competição, favorecendo empresas melhor capitalizadas.

Próximos passos dentro do governo

O documento está em análise pela equipe de ciência e tecnologia da Casa Branca. Quaisquer mudanças de escopo no Chips Act precisariam de aprovação legislativa ou de regulamentação complementar, o que exige negociação com o Congresso. Até o momento, não houve pronunciamento oficial do Executivo sobre a adoção ou não das recomendações da OpenAI.

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