Carney reforça apoio à Ucrânia em contactos com Zelenskyy e Starmer antes de cimeira EUA-Rússia

O primeiro-ministro canadiano, Mark Carney, falou na segunda-feira com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskyy, e com o homólogo britânico, Keir Starmer, num momento de intensa actividade diplomática que antecede o encontro previsto para sexta-feira entre o presidente norte-americano, Donald Trump, e o presidente russo, Vladimir Putin, no Alasca.

Contactos de Carney com Kiev e Londres

De acordo com o gabinete do primeiro-ministro, Carney e Zelenskyy concordaram que o fim da guerra passa pelo respeito da integridade territorial ucraniana e pela manutenção da pressão internacional sobre Moscovo. Ambos realçaram que qualquer decisão sobre o futuro do país “deve ser tomada pelos ucranianos” e rejeitaram alterações de fronteiras impostas pela força.

No telefonema, Carney destacou o compromisso do Canadá, que inclui novos pacotes de ajuda militar na ordem de milhares de milhões de dólares e a recente redução do tecto ao preço do petróleo russo em coordenação com parceiros europeus. O chefe do governo canadiano saudou ainda o papel dos Estados Unidos no processo de paz, mas sublinhou a declaração conjunta emitida no sábado por líderes europeus, que insiste na defesa da soberania e da integridade territorial da Ucrânia.

Numa chamada separada, Carney e Keir Starmer manifestaram apoio aos esforços diplomáticos em curso, frisando que qualquer entendimento “tem de ser construído com a Ucrânia, não imposto à Ucrânia”, segundo Downing Street.

Pressão diplomática antes da reunião Trump-Putin

Os contactos ocorrem numa altura em que aliados europeus reclamam a participação de Kiev nas negociações planeadas entre Washington e Moscovo. A chefe da diplomacia da União Europeia, Kaja Kallas, defendeu na segunda-feira a necessidade de “unidade transatlântica, apoio continuado à Ucrânia e pressão sobre a Rússia” para pôr termo ao conflito e impedir futuras agressões.

Donald Trump, que qualificou a reunião com Putin como um “encontro exploratório”, adiantou haver “trocas de território” em discussão. O presidente norte-americano reconheceu que tal implicará “aspectos positivos e negativos” para ambas as partes, apontando a ocupação russa de “território valioso” e a intenção de recuperar parte dessa área para Kiev.

Posições sobre o território ucraniano permanecem opostas

Moscovo deverá insistir em manter todas as zonas actualmente ocupadas e em impedir a adesão da Ucrânia à NATO. Por seu lado, Zelenskyy reiterou que não aceitará concessões territoriais, recordando que as fronteiras nacionais estão consagradas na Constituição e só podem ser alteradas por decisão democrática dos cidadãos.

“As concessões não convencem um agressor”, escreveu o presidente ucraniano na rede X, defendendo maior pressão sobre o Kremlin, que “não dá sinais de reduzir as operações militares”.

O chefe de gabinete presidencial, Andriy Yermak, acrescentou após conversa com o secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, que “um cessar-fogo incondicional é requisito para negociações substanciais”.

Próximas etapas na agenda internacional

O chanceler alemão, Friedrich Merz, convidou Zelenskyy, Trump e diversos líderes europeus para reuniões na quarta-feira. A lista inclui a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, o secretário-geral da NATO, Mark Rutte, e os chefes de governo de França, Itália, Reino Unido, Finlândia e Polónia. Não há confirmação sobre a presença do Canadá nestes encontros.

Enquanto isso, Ottawa continua a alinhar sanções económicas e apoio militar com parceiros ocidentais. Fontes governamentais destacam que a estratégia de Carney visa manter a unidade entre aliados antes da cimeira Trump-Putin, minimizar o risco de um acordo desfavorável a Kiev e reforçar a ideia de que qualquer solução tem de respeitar as fronteiras reconhecidas internacionalmente.

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