Calor extremo alimenta dezenas de incêndios e obriga milhares a fugir no sul da Europa

Uma onda de calor com temperaturas superiores a 40 ºC está a provocar dezenas de incêndios florestais em várias regiões do sul da Europa, causando evacuações em massa e ativando alertas vermelhos de saúde pública.

Alertas máximos em vários países

Serviços meteorológicos de Itália, França, Espanha, Portugal e dos Balcãs emitiram avisos de risco muito elevado devido ao calor. Em Sevilha e Córdova, a agência espanhola Aemet prevê máximas de 44 ºC, valor idêntico ao esperado para o sul de Portugal. Em França, quase três quartos do território estão sob vigilância, com o Vale do Ródano preparado para atingir os 40 ºC.

Autoridades de saúde francesas reforçaram meios hospitalares, assinalando a segunda vaga de calor no país em poucas semanas. Já em Itália, 16 cidades, incluindo Roma, Milão e Florença, encontram-se em alerta vermelho. Um menor de quatro anos morreu na Sardenha após sofrer lesões irreversíveis atribuídas a insolação, enquanto outro caso mortal foi registado na segunda-feira.

Espanha mobiliza militares e regista vítimas

No noroeste espanhol, quase 4 000 residentes abandonaram as suas casas na região de Castela e Leão perante mais de 30 focos ativos. Um incêndio ameaça Las Médulas, sítio classificado pela UNESCO devido às antigas minas de ouro romanas.

Nas imediações de Madrid, ventos superiores a 70 km/h propagaram chamas que feriram com gravidade um funcionário de um centro hípico em Tres Cantos, vindo este a falecer. O primeiro-ministro Pedro Sánchez apelou à “máxima cautela”, advertindo para o “risco extremo de incêndios florestais”.

O exército espanhol destacou perto de 1 000 militares para apoiar bombeiros em todo o país. No sul, cerca de 2 000 pessoas foram retiradas de hotéis e habitações na zona turística de Tarifa, Andaluzia.

Portugal combate três frentes críticas

Em território português, mais de 1 300 bombeiros e 14 meios aéreos enfrentam três grandes incêndios. A situação mais grave verificou-se perto de Trancoso, no centro, entretanto estabilizada na terça-feira. Duas aeronaves marroquinas foram acionadas após avarias em aviões portugueses de combate a incêndios.

As autoridades alertam para temperaturas que podem igualmente atingir os 44 ºC nas regiões do sul, com as mínimas noturnas a não descerem abaixo dos 25 ºC, aumentando o perigo de ignição e propagação.

Fogo alastra nos Balcãs e Mediterrâneo

A Grécia enfrenta mais de 100 fogos ativos alimentados por ventos intensos. Evacuações ocorreram na ilha de Zakynthos e na região de Acaia, oeste do país, onde habitações e empresas foram consumidas. Equipas de resgate retiraram banhistas de praias em Quios, recorrendo a embarcações da guarda costeira, enquanto Atenas solicitou aviões de combate a incêndios à União Europeia.

Na Turquia, incêndios de grande dimensão em Çanakkale e Esmirna foram dominados após a retirada de centenas de pessoas e o encerramento temporário do aeroporto local e do estreito dos Dardanelos. No Montenegro, um militar morreu e outro ficou ferido quando um camião-cisterna capotou durante operações perto de Podgorica.

Albânia, Croácia e Bósnia-Herzegovina registaram igualmente focos significativos. Na Croácia, um incêndio de grandes proporções em Split ficou controlado na terça-feira.

Mudança climática prolonga épocas de fogo

Investigadores sublinham que o aquecimento global está a tornar os verões mediterrânicos mais quentes e secos, resultando em épocas de incêndios mais longas e violentas. O registo repetido de vagas de calor extremas, como a atual, intensifica a secura da vegetação, facilitando a ignição e dificultando o controlo das chamas.

Meteorologistas não antecipam descida significativa das temperaturas nos próximos dias, mantendo-se elevado o risco de novos fogos e de reacendimentos nas áreas já atingidas.

Perante o cenário de emergência, autoridades de todos os países afetados recomendam evitar atividades ao ar livre nas horas de maior calor, hidratação constante e cumprimento rigoroso de ordens de evacuação sempre que emitidas.

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Imagem: bbc.com

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