Calin Georgescu, ex-candidato de ultradireita à Presidência da Romênia, foi formalmente acusado de conspirar para derrubar o governo depois que a primeira volta das eleições de 2024 foi anulada.
O Ministério Público detalha que Georgescu, o ex-legionário francês Horatiu Potra e outras 20 pessoas planejavam invadir Bucareste em 8 de dezembro, data em que a polícia desmantelou a operação e apreendeu armas, barras de ouro e grande quantia em dinheiro.
Calin Georgescu acusado de tramar golpe na Romênia
Segundo a acusação, Georgescu reuniu-se com Potra e integrantes do grupo em uma fazenda de cavalos logo após a anulação de sua vitória no primeiro turno. Embora inicialmente tenha negado o encontro, o político de 63 anos reconheceu a reunião após fotos vazarem para a imprensa romena, mas rejeita ter discutido um levante armado.
Promotores sustentam que Potra — atualmente fora do país e supostamente em busca de asilo na Rússia — liderava a célula, enquanto Georgescu teria conspirado ao oferecer apoio político. A investigação menciona ainda ligações com serviços de inteligência estrangeiros, reforçando a tese de “ataque à ordem constitucional”.
A nulidade da eleição presidencial, decretada pelo Tribunal Constitucional dias antes do segundo turno, baseou-se em suspeitas de interferência russa. Relatório da Procuradoria-Geral apontou que mais de 2 mil páginas no Facebook e 20 mil contas automatizadas no TikTok amplificaram mensagens pró-Georgescu, combinadas a ataques cibernéticos contra aeroportos e órgãos públicos.
Em coletiva, o presidente Nicușor Dan classificou o indiciamento como “prova do esforço sistemático de desinformação” promovido por Moscou. O julgamento pode começar em 2026, enquanto Horatiu Potra permanece foragido.
A tentativa de golpe reacendeu o debate sobre segurança eleitoral na região. Analistas ouvidos pela BBC observam que a Romênia tornou-se alvo frequente de campanhas híbridas que combinam influência digital, financiamento externo e ações paramilitares.
Georgescu não comentou as novas acusações, mas recentemente criticou as autoridades por governarem “com engano e divisão”. Caso seja condenado, ele poderá enfrentar penas que incluem longas sentenças de prisão e perda de direitos políticos.
O clima de tensão aumenta à medida que o país se prepara para novos pleitos parlamentares, considerados decisivos para o futuro alinhamento da Romênia com a União Europeia e a Otan.
Para compreender como a tecnologia e a geopolítica moldam disputas de poder, confira nosso especial em Ciência e tecnologia e acompanhe as próximas atualizações.
Crédito da imagem: Reuters