Cadeirante no espaço: Missão NS-37 da Blue Origin concretiza primeiro voo suborbital com passageira em cadeira de rodas

O turismo espacial registrou um marco inédito às 11h17 de sábado, 20 de abril, quando o foguete New Shepard, da Blue Origin, decolou para o 16º voo suborbital da empresa — a missão NS-37 — e levou a primeira cadeirante no espaço. A bordo, a engenheira aeroespacial alemã Michaela “Michi” Benthaus, usuária de cadeira de rodas desde 2018, participou de uma curta jornada até a fronteira do ambiente extraterrestre e voltou em segurança, acompanhada por outros cinco passageiros.

Quem é Michaela Benthaus, a pioneira cadeirante no espaço

Michaela Benthaus trabalha como engenheira mecatrônica na Agência Espacial Europeia (ESA). Em 2018, um acidente de mountain bike provocou uma lesão na medula espinhal que resultou na perda dos movimentos das pernas. Desde então, ela se dedica a demonstrar que limitações físicas não impedem a atuação no setor espacial. Em 2022, participou de um voo parabólico de gravidade zero e, dois anos depois, integrou uma missão análoga de 15 dias na Polônia, experiência que simulou rotinas de astronautas em ambiente controlado. Esses feitos prepararam o caminho para que se tornasse a primeira cadeirante no espaço, título conquistado quando o New Shepard cruzou a chamada fronteira final.

Como a Blue Origin adaptou o voo para receber uma cadeirante no espaço

A Blue Origin precisou de poucos ajustes para garantir a acessibilidade na NS-37, pois o sistema New Shepard já foi concebido com a inclusão em mente. Ainda assim, alguns aprimoramentos específicos foram implementados:

Prancha de transferência: um dispositivo portátil permitiu que Benthaus se deslocasse da escotilha até o assento dentro da cápsula.

Tapete pós-pouso: após o retorno, a superfície posicionada ao lado da cápsula facilitou o acesso imediato à cadeira de rodas, deixada em solo antes da decolagem.

Elevador na torre de lançamento: instalado previamente pela empresa, o equipamento possibilitou subir os sete andares que separam a base da plataforma do interior da cápsula.

Jake Mills, engenheiro da companhia, explicou que passageiros com outras condições, como deficiência auditiva ou idade avançada, já voaram em missões anteriores. Dessa forma, a NS-37 reforça o propósito de ampliar o acesso ao turismo espacial. Durante o treinamento, Hans Koenigsmann, também tripulante, auxiliou Benthaus na familiarização com os procedimentos de cabine.

Linha do tempo da conquista: do planejamento ao retorno da primeira cadeirante no espaço

O cronograma da missão passou por alterações. Originalmente agendado para quinta-feira, 18 de abril, o lançamento foi adiado e concluído no sábado, 20 de abril.

Transmissão ao vivo: cerca de vinte minutos antes da ignição, a Blue Origin iniciou cobertura simultânea em seu site, no YouTube e na rede X.

Decolagem: às 11h17 (horário de Brasília), o New Shepard ascendeu rumo à breve permanência em microgravidade. Embora o voo seja suborbital, ele proporciona alguns minutos além da chamada Linha de Kármán, o limite técnico entre a atmosfera terrestre e o espaço.

Pouso da cápsula: concluído com paraquedas no deserto, procedimento padrão da empresa. As imagens divulgadas mostram a descida controlada e a equipe de resgate posicionada para receber a tripulação.

Divulgação oficial das fotos: as primeiras imagens internas e externas foram publicadas na segunda-feira, 22 de abril, reforçando o registro histórico da missão.

Quem acompanhou a cadeirante no espaço na missão NS-37

Além de Benthaus, outros cinco passageiros pagantes compuseram o manifesto:

Joey Hyde: físico e ex-investidor quantitativo.

Hans Koenigsmann: engenheiro aeroespacial, colaborador da preparação de Benthaus.

Neal Milch: executivo e empreendedor atuante nos Estados Unidos.

Adônis Pouroulis: empreendedor e engenheiro de mineração.

Jason Stansell: entusiasta do espaço.

Todos vivenciaram o procedimento típico de um “bate-volta” suborbital: subida vertical, breves minutos em gravidade reduzida, vistas panorâmicas do planeta e retorno rápido à superfície.

Repercussão e próximos marcos após a missão da primeira cadeirante no espaço

Imagens confirmam que os seis tripulantes deixaram a cápsula em boas condições físicas, reforçando a segurança do perfil de voo suborbital oferecido pela Blue Origin. A agência de notícias APNews relatou que a companhia vê o episódio como ampliação concreta da acessibilidade em futuras operações.

Dentro do mesmo contexto de expansão, a empresa já divulgou planos para uma versão maior do lançador New Glenn, com o dobro da capacidade do modelo atual. Embora ainda sem data definida, o projeto indica continuidade no investimento em veículos que possibilitem mais missões e mais assentos a pessoas interessadas em experiências espaciais.

Quanto à NS-37, a divulgação das fotos na segunda-feira, 22 de abril, serve de registro definitivo do primeiro voo com uma cadeirante no espaço e reforça o compromisso da Blue Origin em preparar oportunidades semelhantes para novos públicos em missões futuras.