Brasil intensifica vacinação e bloqueios após surto de sarampo no Tocantins
O Ministério da Saúde reforçou as medidas de vigilância e vacinação no Tocantins depois de nove casos de sarampo confirmados em Campos Lindos, município com cerca de 400 habitantes. Outros dois casos continuam sob investigação. A equipa técnica da pasta permanece na localidade desde 21 de julho para limitar a transmissão do vírus.
Foco na comunidade afectada
Até ao momento, 660 residentes estão a ser acompanhados, 282 domicílios foram visitados e 644 doses de vacina aplicadas. Os casos registados concentram-se numa mesma comunidade, facto que tem permitido aos profissionais de saúde rastrear contactos directos e adoptar bloqueios vacinais rápidos.
Parte dos infectados viajou recentemente à Bolívia, circunstância que levanta a possibilidade de importação do vírus. Para evitar novos focos, as autoridades estaduais e municipais reforçam o controlo nas regiões fronteiriças e mantêm equipas em alerta para detectar qualquer sintoma compatível com a doença.
Acções de contenção noutras regiões
Com as confirmações em Campos Lindos, o Brasil soma 14 casos de sarampo em 2024. Os anteriores ocorreram no Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, São Paulo e Distrito Federal. Todas as situações mereceram bloqueio vacinal imediato e rastreamento de contactos, estratégia que prossegue no Tocantins.
Estados fronteiriços como Acre, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Rondónia realizaram recentemente o “Dia D” de imunização, aplicando milhares de doses num único dia. A iniciativa pretende elevar a cobertura vacinal infantil para o patamar mínimo de 95 % recomendado pela Organização Pan-Americana da Saúde.
Contexto continental e cobertura vacinal
A organização regional reconheceu em 2023 o Brasil como país livre de circulação endémica de sarampo. No entanto, episódios importados continuam a ocorrer no continente: só este ano foram notificados 7 132 casos nas Américas, com 13 óbitos. Os Estados Unidos (1 227 casos) e o México (2 597) lideram as estatísticas.
No Brasil, a primeira dose da vacina alcança 91,74 % das crianças, enquanto a segunda fica em 72,74 %. No Tocantins, os índices são mais baixos, com 86 % na primeira aplicação e 55 % na segunda, realidade que aumenta o risco de surtos locais.
O Ministério da Saúde sustenta que, apesar das novas infecções, não há transmissão sustentada do vírus no território nacional. A pasta reforça que a manutenção do estatuto de país livre do sarampo depende da resposta rápida a cada caso importado e da adesão da população ao esquema completo de vacinação.

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