Bolsonaro condenado a 27 anos e meio de prisão pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por articulação de golpe militar: a decisão, tomada por ampla maioria, marcou o ponto mais dramático da trajetória do ex-presidente que há sete anos venceu as eleições como outsider.
O veredicto encerra meses de julgamento que investigou cinco acusações, entre elas conspiração armada e tentativa de abolir o Estado democrático de direito. Ao final, Jair Bolsonaro perdeu seus direitos políticos até 2060, mas sua influência permanece significativa.
Bolsonaro condenado: 27 anos de prisão por golpe militar
Durante a sessão, o ministro Alexandre de Moraes apresentou mensagens, atas de reuniões e depoimentos de chefes militares que recusaram aderir ao plano, evidências consideradas cruciais pelo plenário. A defesa classificou o processo como “perseguição”, argumento que ecoa entre aliados já mobilizados no Congresso por uma proposta de anistia.
Mesmo após a sentença, figuras do Partido Liberal e de legendas do centrão negociam votação relâmpago para anular as punições. Caso avance, o texto poderá deflagrar novo impasse entre Legislativo e Judiciário, já que ministros indicaram que qualquer perdão seria inconstitucional.
A condenação coroa uma trajetória cheia de extremos. Ex-capitão do Exército e deputado por sete mandatos, Bolsonaro ganhou projeção nacional em 2018 após sobreviver a um atentado a faca. No Planalto, aproximou-se de Donald Trump, flexibilizou regras ambientais e minimizou a pandemia de Covid-19, postura que, segundo especialistas, agravou um saldo de mais de 700 mil mortos.
O confronto com o STF começou ainda durante a crise sanitária, quando o tribunal derrubou decretos que proibiam máscaras e isolamentos. A tensão subiu em 2022, na eleição vencida por Luiz Inácio Lula da Silva por menos de dois pontos percentuais. Investigadores apontam que, já naquele período, Bolsonaro discutia com generais um estado de emergência para anular o pleito.
Após deixar o cargo, o ex-presidente passou três meses na Flórida. Enquanto isso, seus apoiadores bloquearam estradas e invadiram os prédios dos Três Poderes em 8 de janeiro de 2023. O STF considera o episódio parte do mesmo plano golpista.
Analistas lembram que a extrema-direita brasileira se expandiu sob sua liderança: nas eleições municipais de 2024, o PL conquistou mais de 500 prefeituras. O eventual apoio de um futuro governo simpático pode reabrir a discussão sobre perdão presidencial, hipótese que mantém Brasília em alerta.
Para especialistas ouvidos pela BBC News, qualquer solução definitiva depende da correlação de forças após 2026, quando Senado e Câmara poderão votar mudanças que afetem diretamente a Corte.
O desfecho de hoje não encerra a história. Como afirmou um advogado da acusação, “no Brasil, nenhuma decisão é definitiva”. A próxima batalha será política, e Bolsonaro, mesmo condenado, segue no centro do jogo.
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Crédito da imagem: Getty Images