Bloqueio jihadista no Mali ameaça comércio com Senegal

Bloqueio jihadista no Mali ameaça comércio com Senegal gera uma crise de abastecimento de combustível e pressiona o governo militar em Bamako, depois que militantes ligados à al-Qaeda incendiaram caminhões e ergueram postos de controle nas principais rodovias do oeste do país.

O cerco, iniciado com o sequestro de seis caminhoneiros senegaleses no corredor Dakar-Bamako, concentra-se na região de Kayes e em Nioro-du-Sahel, dois nós logísticos que conectam o Mali aos portos de Senegal e Mauritânia. Transportadoras suspenderam viagens e vilarejos relatam mercados fechados e serviços públicos paralisados.

Bloqueio jihadista no Mali ameaça comércio com Senegal

Autoridades admitem a gravidade. O primeiro-ministro Abdoulaye Maïga afirmou que “medidas estão em andamento” para reforçar a segurança nas rotas, embora o Exército inicialmente tenha classificado a situação como “guerra de informação”. Vídeos de veículos incendiados circulam nas redes, enquanto motoristas temem novos ataques.

Impacto econômico imediato

Kayes responde por cerca de 80% da produção de ouro do país e funciona como hub de entrada de combustível, alimentos e bens manufaturados. Analistas alertam que a estratégia dos militantes busca a “asfixia econômica” da capital, Bamako, dependente dessas rotas para manter o fornecimento interno.

Resposta militar e dúvidas locais

O Exército anunciou reforços e um bombardeio a um acampamento do Jama’at Nusrat al-Islam wal-Muslimin (JNIM) em Mousafa, alegando ter “eliminado dezenas” de combatentes. Apesar das operações, caminhoneiros relatam que barreiras jihadistas continuam ativas e que comboios de combustível provenientes da Costa do Marfim também foram atacados na região de Sikasso.

Risco regional ampliado

Especialistas, como o pesquisador Mamadou Bodian da Universidade Cheikh Anta Diop, observam um deslocamento da insurgência do norte e centro para o sul do Mali, ameaçando envolver países costeiros. Em 2022, o Mali importou do Senegal mercadorias avaliadas em US$ 1,4 bilhão; qualquer interrupção prolongada pode afetar toda a cadeia de suprimentos da África Ocidental, segundo a BBC.

Além da perda econômica, o bloqueio mina a confiança na junta, que conta com mercenários do Africa Corps (ex-Wagner) para apoio militar. Se consolidado, o cerco pode virar modelo para futuras ofensivas jihadistas na região do Sahel.

Em resumo, o bloqueio jihadista em Kayes expõe a vulnerabilidade das rotas comerciais que sustentam o Mali e seus vizinhos. Para acompanhar desdobramentos e outras análises do cenário regional, visite nossa editoria de Notícias e Tendências.

Crédito da imagem: Getty Images

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