Belarus liberta prisioneiros políticos após acordo com EUA

Belarus liberta prisioneiros políticos em gesto alinhado a um acordo com o governo dos Estados Unidos que prevê o alívio de parte das sanções contra o país. Na quinta-feira (data local), 52 detentos — entre líderes sindicais, jornalistas e ativistas — deixaram as penitenciárias belarussas, enquanto mais de 1.000 opositores permanecem atrás das grades.

A iniciativa ocorre às vésperas do exercício militar conjunto Zapad-2025, conduzido por Belarus e a aliada Rússia, e depois de denúncias da Polônia sobre a incursão inédita de drones russos em seu espaço aéreo. Varsóvia decidiu fechar fronteiras terrestres com Belarus durante as manobras, medida seguida pela Letônia, que restringiu parte do espaço aéreo.

Belarus liberta prisioneiros políticos após acordo com EUA

O presidente Alexander Lukashenko, no poder desde 1994, classificou a soltura como “gesto humanitário” após se reunir em Minsk com o enviado especial norte-americano John Coale. Segundo o relato da agência Reuters, as conversas incluíram a possível reabertura da embaixada dos EUA, fechada em 2022, e a retomada de relações comerciais.

Como contrapartida imediata, Washington flexibilizou sanções impostas à companhia aérea estatal Belavia, autorizando a compra de peças para suas aeronaves. A empresa havia sido punida em 2021, quando Belarus forçou o pouso de um voo da Ryanair para deter o jornalista Roman Protasevich.

Desde julho de 2023, 314 presos políticos já haviam sido libertados; agora, somam-se mais 52 nomes, entre eles o filósofo Vladimir Matskevich, o jornalista Igor Losik e o veterano opositor Mikola Statkevich. Parte dos beneficiados recebeu liberdade condicionada ao exílio, atravessando a fronteira com a Lituânia, onde a líder opositora exilada Svetlana Tikhanovskaya os recebeu. Statkevich, contudo, recusou-se a deixar o país e retornou a Minsk.

Para organizações como a Human Rights Watch e o grupo local Viasna, a medida sinaliza tentativa de Lukashenko de reduzir o isolamento internacional intensificado após o apoio logístico dado à invasão russa da Ucrânia. Ainda assim, Bruxelas e Washington mantêm a maior parte das restrições econômicas até que todos os presos sejam soltos e ocorram reformas democráticas.

Coale afirmou que a reabertura da missão diplomática norte-americana deve ocorrer “em futuro muito próximo”, reforçando a disposição de avançar em novas rodadas de diálogo caso Minsk continue liberando detentos e respeitando direitos humanos.

Em síntese, a libertação dos 52 opositores representa movimento estratégico de Belarus para aliviar pressões externas, enquanto os Estados Unidos testam campo para reengajamento diplomático sem afrouxar a vigilância sobre o histórico de violações no país.

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Crédito da imagem: EPA/ Shutterstock

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