Barreira biogeográfica no Atlântico separa duas formas de água-viva

Barreira biogeográfica no Atlântico separa duas formas de água-viva: pesquisa da Universidade da Austrália Ocidental (UWA) indica que a espécie Botrynema brucei ellinorae trachymedusa apresenta dois morfotipos distintos a depender da latitude no Atlântico Norte.

Barreira biogeográfica no Atlântico separa duas formas de água-viva

O estudo, publicado na revista Deep Sea Research, analisou registros históricos, fotografias e dados genéticos para mapear a distribuição da água-viva de águas profundas. Liderada pelo biólogo Javier Montenegro, a equipe encontrou indivíduos com uma protuberância na região superior do corpo e outros sem essa característica.

Embora os dois morfotipos coexistam em zonas árticas e subárticas, somente os exemplares com protuberância foram registrados ao sul da Deriva do Atlântico Norte, corrente que se estende de Terra Nova, no Canadá, até o noroeste da Europa. A divisão ocorre, principalmente, ao redor do paralelo 47 °N.

Montenegro explica que a barreira biogeográfica no Atlântico funciona como um filtro semipermeável: não bloqueia completamente a dispersão, mas restringe a passagem de indivíduos sem a protuberância. A saliência pode oferecer vantagem contra predadores em águas relativamente mais quentes, permitindo que esses animais sobrevivam além do ambiente gelado do Ártico.

Apesar das diferenças na forma, as análises genéticas confirmaram que ambos os grupos pertencem à mesma linhagem. Segundo os autores, a descoberta reforça a necessidade de investigar a biodiversidade de organismos gelatinosos e de compreender como estruturas físicas do oceano influenciam a evolução e a distribuição das espécies.

Se confirmada em estudos futuros, essa barreira poderá revelar novos mecanismos de adaptação marinha, auxiliando na previsão de padrões de dispersão diante de mudanças climáticas e de alterações nas correntes oceânicas.

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Crédito da imagem: Javier Montenegro et. al.

Imagem: Javier Mtenegro et. al.