Barco sobrelotado afunda-se na Nigéria e causa 32 mortos

Pelo menos 32 pessoas morreram, oito permanecem desaparecidas e mais de meia centena foi resgatada depois de um barco ter naufragado no rio Níger, no estado de Niger, no norte da Nigéria. A embarcação, que transportava cerca de 100 passageiros — entre mulheres, homens e crianças — afundou-se na manhã de terça-feira ao embater num tronco submerso na zona de Borgu.

Origem da viagem e circunstâncias do acidente

De acordo com o porta-voz da Agência Nacional de Gestão de Emergências (NEMA) no estado, Abdullahi Baba Ara, os passageiros dirigiam-se a uma aldeia vizinha para apresentar condolências à família de um falecido. Testemunhas referem que o barco, sem coletes salva-vidas para todos os ocupantes, partiu sobrelotado e colidiu pouco depois com o obstáculo escondido sob a água, acabando por virar.

Sa’adu Inuwa Muhammad, líder distrital local, chegou ao local horas após o acidente e relatou a recuperação de 31 corpos durante as primeiras operações. A embarcação foi entretanto retirada do rio. Equipas de busca continuam a procurar os desaparecidos, enquanto sobreviventes recebem assistência médica e psicológica.

Fiscalização falhou

Segundo Abdullahi Baba Ara, o governo estadual criou recentemente uma equipa de “marshals fluviais” para impedir a sobrelotação das embarcações e garantir o uso de coletes salva-vidas, mas a patrulha não se encontrava no local no momento da partida. As autoridades abriram um inquérito para apurar responsabilidades e reforçar a fiscalização.

Sequência de acidentes nos rios nigerianos

Naufrágios deste tipo são frequentes na Nigéria, onde a sobrecarga, a fraca regulação e a escassez de equipamentos de segurança agravam o risco. No mês passado, 25 pessoas desapareceram após o afundamento de um barco no estado vizinho de Sokoto. Em dezembro de 2023, foram recuperados 54 corpos no mesmo rio depois de um acidente com mais de 200 passageiros.

Face ao número crescente de vítimas, o Governo Federal tornou obrigatório o uso de coletes salva-vidas em todas as travessias fluviais. Em fevereiro, o Ministério do Mar e da Economia Azul criou um comité especial para prevenir desastres. Dois meses depois, anunciou a distribuição de 42 mil coletes por 12 estados ribeirinhos. A Autoridade Nacional das Vias Navegáveis (NIWA) lançou igualmente as campanhas “Sem colete, sem viagem” e “Sem viagens nocturnas” em regiões com maior incidência de naufrágios, incluindo Niger e Kwara.

Dependência do transporte por água

Com a maior área territorial da Nigéria, o estado de Niger conta com inúmeras comunidades isoladas, onde o transporte fluvial é muitas vezes a forma mais rápida e económica de deslocação. A escassez de estradas transitáveis e o custo do transporte rodoviário levam centenas de pessoas a recorrer diariamente a barcos de madeira, frequentemente sem manutenção adequada.

Próximos passos

As equipas de emergência mantêm as buscas pelos desaparecidos e prometem reforçar a presença de agentes nos pontos de embarque. A NEMA sublinha a necessidade de os operadores cumprirem a lotação máxima e disponibilizarem equipamentos de segurança. Enquanto prosseguem as investigações, familiares concentram-se nas margens do rio à espera de notícias, numa tragédia que volta a expor as fragilidades da segurança fluvial na Nigéria.

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