Atribuição publicitária muda com óculos inteligentes

Atribuição publicitária pode estar prestes a dar um salto histórico: a chegada de óculos inteligentes com computador embutido promete mensurar, em tempo real, tudo o que o usuário realmente vê, seja na rua ou na tela do celular.
Modelos equipados com câmera, processador ARM e inteligência artificial já detectam marcas com mais de 80 % de acurácia. A proposta é simples e disruptiva: transformar cada pessoa em um “sensor ambulante”, capaz de registrar exposição a anúncios e conectar esses dados às ações seguintes, como pesquisa on-line ou compra na loja.
Atribuição publicitária muda com óculos inteligentes
Hoje, ferramentas como Marketing Mix Modeling (MMM) e testes de incrementalidade ainda dominam a medição, mas exigem meses de análise e altos investimentos. Além disso, relatórios das big techs se contradizem, criando múltiplas versões da verdade. Com a visão unificada fornecida pelos óculos, seria possível:
• Medir o tempo exato de atenção dedicado a cada anúncio, físico ou digital;
• Eliminar fraudes de impressão, porque bots não podem “olhar” publicidade;
• Unificar jornadas cross-device ao ligar TV, smartphone e outdoor ao mesmo olhar.
Empresas como a irlandesa VISUA já oferecem APIs de computer vision que reconhecem logotipos em tempo real, validando a viabilidade técnica. A combinação desse recurso com wearables populares — os Ray-Ban Meta venderam mais de 2 milhões de unidades — abre caminho para métricas baseadas em atenção real, o chamado CPO (Custo Por Olhar), em vez do tradicional CPM.
Para profissionais de marketing, a mudança implicaria orçamentos até 70 % mais eficientes, fim do “achômetro” e surgimento de um novo cargo, o Attribution Engineer, responsável por integrar dados híbridos e otimizar campanhas. Para plataformas, o desafio será perder o monopólio dos próprios números, já que a captura visual independente coloca em xeque os walled gardens.
O maior obstáculo, entretanto, é a privacidade. Regulamentos como GDPR e CCPA exigem consentimento explícito para coleta de dados biométricos, impondo multas milionárias em caso de violação. Ainda assim, especialistas citados pela Harvard Business Review estimam que, ajustadas as normas, a adoção em massa pode acontecer na próxima década. Veja a análise detalhada.
Se a tecnologia prosperar, questões filosóficas surgem: quanto vale um olhar de três segundos? Quem será dono desse dado? E até onde vai a transparência antes de se tornar vigilância? O fato é que a infraestrutura necessária já existe; falta escalar, regulamentar e, acima de tudo, decidir se queremos um mundo onde cada pupila seja um novo cookie.
Para entender como a inteligência artificial vem acelerando mudanças em todos os setores, leia também nosso conteúdo em Inteligência Artificial e continue acompanhando nossas análises.
Crédito da imagem: Divulgação/Meta
Postagens Relacionadas