Ativistas quenianos sequestrados em Uganda, diz Bobi Wine

Ativistas quenianos sequestrados em Uganda mobilizam organizações de direitos humanos na região depois que dois defensores civis desapareceram durante um ato de campanha do opositor ugandês Bobi Wine.
Bob Njagi e Nicholas Oyoo teriam sido rendidos por quatro homens armados em um posto de combustível, na quarta-feira (20), e colocados à força em um veículo sem identificação, segundo testemunhas. Desde então, eles não atendem às ligações e seu paradeiro permanece desconhecido.
Ativistas quenianos sequestrados em Uganda, diz Bobi Wine
O músico e político, cujo nome real é Robert Kyagulanyi, classificou o desaparecimento como “abdução em estilo mafioso” e acusou o governo de Yoweri Museveni, no poder desde 1986, de perseguir qualquer pessoa ligada à sua campanha presidencial de 2025. “Exigimos a libertação incondicional desses irmãos”, publicou Wine na rede X.
Questionada, a polícia do Quênia afirmou à BBC que desconhecia o caso, enquanto a polícia ugandesa ainda não comentou publicamente. Organizações como a Vocal Africa também pediram explicações imediatas e condenaram a “escalada de intimidação transfronteiriça” contra ativistas.
Um dos presentes no momento da abordagem relatou à Citizen TV que havia “quatro homens e uma mulher no carro” usado para levar os quenianos. Vídeos compartilhados nas redes mostram Njagi no palco ao lado de Bobi Wine em eventos anteriores na capital, Kampala.
Não é a primeira vez que Njagi desaparece em circunstâncias suspeitas. Em 2023, ele ficou mais de um mês incomunicável no Quênia depois de ser levado por homens mascarados, episódio que só terminou após ordem judicial para que a polícia o apresentasse.
Casos semelhantes vêm se repetindo na África Oriental, levantando suspeitas de cooperação entre governos para conter dissidentes. Em janeiro, os ativistas Boniface Mwangi (queniado) e Agather Atuhaire (ugandense) foram detidos na Tanzânia e abandonados nas fronteiras de seus países, onde relataram maus-tratos e tortura sexual, acusações que as autoridades tanzanianas negam.
Para analistas, a proximidade das eleições em Uganda aumenta a tensão. “Há um padrão de desaparecimentos de vozes críticas que não pode ser ignorado”, afirma um relatório da Human Rights Watch citado pelo serviço mundial da BBC.
Até o momento, não há indicação oficial sobre a condição física dos dois militantes. Familiares e colegas mantêm vigílias em Nairobi e Kampala, exigindo sua apresentação imediata às autoridades competentes.
Este caso se soma a uma série de detenções arbitrárias na região, reforçando alertas sobre a liberdade de expressão e de reunião em campanhas eleitorais.
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Crédito da imagem: Getty Images/BBC
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