Ataques híbridos russos fazem UE discutir muralha de drones

Ataques híbridos russos colocaram os líderes da União Europeia sob pressão em Copenhague, onde o reforço da defesa aérea e a criação de uma “muralha de drones” dominam a agenda. O encontro ocorre dias depois de drones interromperem operações em aeroportos dinamarqueses, aumentando o temor de novas incursões em território europeu.
A primeira-ministra dinamarquesa, Mette Frederiksen, afirmou que “apenas um país está disposto a nos ameaçar e esse país é a Rússia”, defendendo “uma resposta europeia muito forte”. Países da fronteira leste, como Polônia e Estônia, relatam violações frequentes do espaço aéreo, o que estimulou a proposta de um sistema multicamadas capaz de detectar, rastrear e neutralizar drones hostis.
Ataques híbridos russos fazem UE discutir muralha de drones
Para garantir a segurança da cúpula, a Dinamarca proibiu voos civis de drones até sexta-feira e restringiu o trânsito na capital. Dez aliados, entre eles Polônia, Reino Unido, Finlândia e Estados Unidos, forneceram sistemas antidrone e vigilância. Uma fragata alemã atracou em Copenhague para reforçar a defesa aérea, enquanto a Suécia emprestou radares de alta potência e a Ucrânia enviou especialistas para exercícios conjuntos.
Mesmo sem provas diretas de envolvimento russo nos incidentes da semana passada, Frederiksen classificou o episódio como parte de um padrão de ataques híbridos observado em toda a Europa. O chanceler alemão, Friedrich Merz, alertou que as violações “estão ficando piores” e que é “razoável supor” origem russa. Drones também foram avistados recentemente na Alemanha, Lituânia e Noruega.
O secretário-geral da Otan, Mark Rutte, declarou que “não estamos em guerra, mas também não estamos em paz”, defendendo a necessidade de proteger os céus europeus. Em setembro, a Aliança convocou duas vezes o Artigo 4 após drones cruzarem o espaço aéreo da Polônia e caças russos violarem o da Estônia.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, sugeriu no mês passado a “muralha de drones”, considerada “oportuna e necessária” por Rutte devido ao baixo custo desses artefatos. Um diplomata da UE disse à BBC que ainda faltam definições sobre financiamento e comando da operação, mas admite “um momento de reflexão séria” sobre a capacidade de resposta do bloco.
Além do escudo aéreo, os líderes analisam o projeto “Eastern Flank Watch”, que prevê fortalecer fronteiras terrestres, marítimas e aéreas até 2030 e ampliar a produção conjunta de equipamentos militares. A UE estuda captar até €150 bilhões no mercado para acelerar investimentos, com participação possível de Reino Unido e Canadá. O apoio financeiro e militar contínuo à Ucrânia também está em debate, em meio a resistência da Hungria.
Os debates seguem até sexta-feira, quando deve ser apresentado um roteiro para integrar as propostas à Otan e torná-las operacionais. Enquanto isso, a Dinamarca mantém vigilância reforçada, determinada a evitar “surpresas indesejadas” em seu espaço aéreo.
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Crédito da imagem: EPA/Shutterstock
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