Ataques dos EUA a barcos de drogas são 'tirania', diz Petro

Ataques dos EUA a barcos de drogas no mar do Caribe foram qualificados como “ato de tirania” pelo presidente da Colômbia, Gustavo Petro, em entrevista à BBC. O líder colombiano cobrou investigações imediatas e afirmou que autoridades norte-americanas devem responder criminalmente caso fique provado que colombianos estão entre os 17 mortos desde o início das operações aéreas, neste mês.
O ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump defende que os bombardeios são necessários para conter o fluxo de fentanil e outras drogas ilegais rumo ao território norte-americano. Juristas e parlamentares em Washington, contudo, questionam a legalidade das ações e apontam possível violação de tratados internacionais de direitos humanos.
Ataques dos EUA a barcos de drogas são 'tirania', diz Petro
“Por que lançar um míssil se é possível interceptar a embarcação e prender a tripulação? Isso é assassinato”, declarou Petro, acrescentando que deve haver “mortes zero” em operações contra o narcotráfico. Para o presidente, o princípio da proporcionalidade do uso da força é violado “quando se emprega algo mais potente que uma pistola”.
Pressão internacional e respostas divergentes
Segundo a administração Trump, os alvos principais estão nas águas internacionais próximas à Venezuela, onde estariam integrantes da gangue Tren de Aragua. O governo dos EUA não divulgou detalhes sobre as vítimas, e relatos sobre a presença de membros do grupo criminoso no primeiro barco atingido permanecem contestados.
Parlamentares democratas exigem explicações formais da Casa Branca. Já especialistas da ONU classificaram as ações como possíveis execuções extrajudiciais. Em nota, o gabinete de Trump afirmou que o ex-presidente “está disposto a usar todos os instrumentos do poder americano para impedir que drogas inundem nosso país”.
Tensão político-diplomática
Durante o encontro anual da ONU em Nova Iorque, Petro acusou Washington de humilhar os povos sul-americanos e disse que nações da região “não se curvarão ao rei”. O colombiano lembrou que Trump já o chamou de terrorista em campanha e afirmou que as políticas do republicano acabam isolando os próprios Estados Unidos.
Nos últimos dois meses, o Pentágono reforçou a presença militar no sul do Caribe com navios adicionais e milhares de fuzileiros navais. Paralelamente, a Casa Branca listou organizações envolvidas no narcotráfico — como o Cartel de los Soles, supostamente ligado ao presidente venezuelano Nicolás Maduro — como grupos terroristas.
Ao encerrar a entrevista, Petro reiterou a disposição de Bogotá em continuar colaborando com apreensões marítimas, mas sem baixas humanas: “Nossa cooperação sempre foi eficaz e nunca precisou matar ninguém”.
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Crédito da imagem: BBC
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