Ataques em Donetsk forçam fuga de civis e desafiam Kiev
Ataques em Donetsk forçam fuga de civis e desafiam Kiev
Ataques em Donetsk forçam fuga de civis e desafiam Kiev marcam o cotidiano de Dobropillia, cidade da linha de frente a apenas 8 km das tropas russas, onde voluntários correm contra o tempo para retirar doentes, idosos e crianças em meio a bombardeios diários.
Ataques em Donetsk forçam fuga de civis e desafiam Kiev
A região de Donetsk, no leste da Ucrânia, permanece sob intensa pressão do Kremlin. Moscou já controla cerca de 70% do território e avança lentamente sobre o restante, enquanto o presidente Vladimir Putin, segundo relatos, tenta congelar o conflito em troca do domínio total da província.
Dobropillia exemplifica o impasse. A bordo de um carro blindado a 130 km/h, equipado com bloqueadores de drones, dois voluntários da ONG Universal Aid Ukraine executam múltiplas missões de evacuação. Ruas vazias e prédios destruídos revelam uma cidade sem abastecimento de água há uma semana. Mesmo assim, alguns moradores relutam em partir.
O ucraniano Vitalii Kalinichenko, 56 anos, decidiu sair depois que um drone Shahed explodiu perto de seu prédio, estilhaçando janelas e ferindo-lhe a perna. Enquanto ele esperava socorro, um detector portátil identificava vários drones russos sobrevoando a vizinhança. Explosões ecoavam pelos blocos de apartamentos, reforçando o clima de urgência.
No caminho, a equipe ainda localizou outra família. Entre novas detonações, o veículo deixou a cidade ainda mais rápido do que havia chegado. Para muitos, era a primeira – e possivelmente a última – vez que abandonavam Dobropillia.
Campo de batalha e debate sobre concessões
O avanço russo alimenta discussões sobre uma eventual cessão do Donbas, área que abrange Donetsk e Lugansk. Moradores como Anton, 31 anos, defendem negociações imediatas para evitar mais derramamento de sangue. Já a voluntária Varia, 19, desconfia de qualquer acordo: “Se cedermos Donbas, a Rússia apenas ganhará espaço para outro ataque”, afirma.
A poucos quilômetros dali, um hospital de campanha opera à noite para escapar dos drones. O cirurgião e tenente Dima, 42, relata ferimentos “os piores desde o início da guerra”, sobretudo causados por munições guiadas. Apesar das baixas ucranianas, ele rejeita entregar território: “Queremos nossas terras e nosso povo de volta, e a Rússia deve ser responsabilizada”.
Fortificações e tropas em espera
Durante o dia, quilômetros de arame farpado, trincheiras e barreiras de concreto recém-erguidas brilham ao sol, sinalizando o esforço de Kiev para conter possíveis rupturas na chamada “cintura de fortalezas”. Estima-se que mais de 100 000 soldados russos aguardem para explorar qualquer brecha semelhante à ocorrida na semana passada.
Analistas alertam que, se Donetsk cair, regiões vizinhas como Kharkiv e Zaporizhia ficarão expostas. Enquanto isso, o governo de Volodymyr Zelensky descarta a perda total da província ainda este ano, mas admite que precisará de armamentos adicionais do Ocidente para recuperar terreno.
Segundo reportagem da BBC News, Moscou aceita altas perdas humanas para manter o ritmo ofensivo, cenário que pressiona ainda mais as unidades médicas ucranianas.
Dobropillia, portanto, simboliza um conflito que se arrasta sem perspectiva clara de trégua: entre negociações pouco confiáveis e trincheiras recém-cavadas, civis continuam pagando o preço mais alto.
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Crédito da imagem: BBC News

Imagem: Internet