Ataque de Israel ao Catar continua a impactar a diplomacia no Oriente Médio, com os Estados Unidos reafirmando apoio a Tel Aviv apesar da forte reprovação de aliados árabes e islâmicos reunidos em cúpula extraordinária em Doha.
O premiê israelense Benjamin Netanyahu declarou que não descarta novos bombardeios contra líderes do Hamas “onde quer que estejam”. A ofensiva de 9 de setembro na capital catariana, que matou cinco militantes e um agente de segurança local, marcou a primeira ação direta de Israel em território do Golfo desde o início da guerra em Gaza, em 7 de outubro de 2023.
Ataque de Israel ao Catar: EUA demonstram apoio firme
Durante visita a Jerusalém, o secretário de Estado norte-americano Marco Rubio deixou claro que Washington “deve estar preparada para a possibilidade de não haver solução diplomática”, condicionando o fim dos combates à libertação de todos os reféns e à rendição do Hamas. Embora os EUA não tenham sido avisados previamente sobre o ataque ao Catar — sede da maior base militar americana no Oriente Médio —, Rubio classificou a postura israelense como “necessária” para eliminar a ameaça do grupo palestino.
Reação regional e pressões por retaliação
Em Doha, líderes de 22 países árabes e islâmicos — entre eles Irã, Turquia e Arábia Saudita — aprovaram comunicado pedindo revisão de laços econômicos e diplomáticos com Israel. O emir Sheikh Tamim bin Hamad Al-Thani exigiu “medidas práticas e decisivas” contra o que chamou de “ataque covarde”. A posição foi reforçada pelo Conselho de Cooperação do Golfo, que alertou para o risco de colapso de acordos já firmados com Israel.
A condenação ecoou na reunião virtual organizada pelo presidente francês Emmanuel Macron com Canadá, Egito, Jordânia e Reino Unido. O premiê canadense Mark Carney manifestou solidariedade ao Catar e prometeu apoiar o reconhecimento do Estado palestino na Assembleia Geral da ONU ainda este mês, movimento criticado por Israel e, em menor escala, pelos EUA.
Escalada em Gaza e possíveis anexações
Paralelamente às discussões diplomáticas, as Forças de Defesa de Israel intensificaram ataques em Gaza City, destruindo um prédio de 16 andares e causando ao menos 16 mortes, segundo autoridades de saúde palestinas. Netanyahu, questionado sobre eventual anexação da Cisjordânia, respondeu que “ações unilaterais contra Israel convidam reações unilaterais” e preferiu não descartar esse “passo futuro”.
O mortal balanço da guerra, iniciado após a incursão do Hamas que matou 1.200 israelenses e sequestrou 251 pessoas, supera agora 64.000 palestinos, segundo dados locais. A escalada — e o recente bombardeio ao Catar — levou analistas a apontarem riscos de ampliação regional do conflito, tema que domina relatórios de organismos como a Reuters.
Rubio segue para Doha, onde tentará convencer autoridades catarianas a manter mediações para libertar 48 reféns ainda detidos e a facilitar ajuda humanitária a Gaza, embora tenha sinalizado que Washington apoia uma “operação militar decisiva” de Israel para “eliminar definitivamente o Hamas”.
Com aliados pressionando por cessar-fogo e Israel reforçando a retórica de novas ofensivas, o Oriente Médio entra em fase de tensão máxima, enquanto potências ocidentais buscam equilibrar segurança, soberania e negociações de paz.
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Crédito da imagem: Global News