Ataque informático paralisa Aeroflot e cancela mais de 100 voos
A Aeroflot, maior companhia aérea russa, sofreu um ataque informático de grande escala que deixou os seus sistemas indisponíveis durante o dia 28 de julho. A falha forçou o cancelamento de mais de uma centena de voos e provocou atrasos generalizados na rede, afetando sobretudo rotas domésticas.
Grupos pró-ucranianos reivindicam operação
O coletivo Silent Crow, ligado a ativistas ucranianos, assumiu a autoria da intrusão e afirmou ter contado com o apoio da Belarus Cyber-Partisan, movimento de oposição ao governo de Minsk. Em mensagens divulgadas no Telegram, os atacantes explicaram que mantiveram acesso aos servidores da companhia durante, pelo menos, um ano, explorando várias vulnerabilidades não especificadas.
Segundo os hackers, o período de permanência dentro da infraestrutura permitiu copiar uma vasta quantidade de dados, incluindo:
- registos de chamadas telefónicas internas;
- informações sobre sistemas de vigilância de funcionários;
- dados pessoais de passageiros que já viajaram com a Aeroflot.
Os ficheiros originais terão sido inutilizados ou eliminados, o que, nas palavras do grupo, poderá obrigar a companhia a investir “dezenas de milhões de dólares” para restabelecer a operação completa. Os atacantes ameaçam ainda publicar parte do material obtido.
Impacto operacional e reação oficial
A Aeroflot admitiu dificuldades técnicas, sem confirmar o ataque nem quantificar a quebra de serviço. Já a Procuradoria-Geral da Rússia relacionou diretamente o incidente com um “ataque cibernético a larga escala” e indicou que a interrupção se estendeu às subsidiárias da transportadora.
Entre os destinos afetados registaram-se voos internos e ligações internacionais para a Bielorrússia, Uzbequistão e Arménia. O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, classificou a ofensiva como “alarmante” e confirmou a abertura de um inquérito criminal.
Contexto de tensões regionais
O envolvimento de grupos alinhados com Kiev e com a oposição belarussa insere-se no quadro de ciberataques recorrentes desde a invasão russa da Ucrânia em 2022. A Belarus Cyber-Partisan já tinha reivindicado ações contra entidades governamentais de Minsk, enquanto o Silent Crow tem visado alvos estratégicos russos.
Até ao momento, não existe verificação independente dos ficheiros alegadamente obtidos nem detalhes sobre as falhas exploradas. As autoridades russas mantêm a investigação em curso, ao mesmo tempo que a Aeroflot trabalha para restabelecer todos os serviços e minimizar o impacto nos passageiros.

Imagem: tecmundo.com.br