Ataque de drone no Sudão provocou a morte de 78 pessoas e feriu cerca de 20 na manhã de sexta-feira (14) durante as orações em uma mesquita na cidade de El-Fasher, região de Darfur, segundo uma fonte médica citada pela BBC.
Testemunhas relataram que o artefato explodiu enquanto centenas de fiéis se reuniam, reduzindo o prédio a escombros. O bombardeio foi atribuído às Forças de Apoio Rápido (RSF, na sigla em inglês), porém o grupo paramilitar não assumiu responsabilidade.
Ataque de drone no Sudão mata 78 fiéis em mesquita
O confronto entre a RSF e o Exército sudanês já dura mais de dois anos e se intensificou em El-Fasher, último reduto militar governamental em Darfur, onde cerca de 300 mil civis permanecem cercados pelos combates. Imagens verificadas mostram ao menos 30 corpos envoltos em mortalhas ao lado da mesquita destruída.
A ofensiva da RSF, retomada nesta semana, também atingiu o campo de deslocados de Abu Shouk, próximo à cidade. De acordo com o Laboratório de Pesquisas Humanitárias da Universidade Yale, unidades da RSF controlam grande parte do acampamento e avançaram sobre o quartel-general das Forças Conjuntas, instalado em um antigo complexo da ONU.
Filmagens autenticadas exibem combatentes paramilitares dentro da base estratégica, mas ainda não está claro se o domínio é total. Caso consolidem a posse, a RSF passará a ter alcance direto sobre o aeroporto de El-Fasher e sobre a divisão de infantaria do Exército.
Especialistas advertem que, sem reforços imediatos, a cidade pode cair nos próximos dias, o que solidificaria a divisão de fato do país: oeste sob controle paramilitar e norte e leste sob comando governamental. Ativistas temem represálias contra civis de etnias consideradas hostis pela RSF.
Em relatório divulgado na sexta-feira, a ONU alertou para a “etnicização crescente do conflito”. Organizações internacionais apontam políticas sistemáticas de limpeza étnica contra comunidades não árabes nas áreas capturadas. A organização Médicos Sem Fronteiras informou que ouviu de soldados planos para “limpar El-Fasher” desses grupos. A RSF nega as acusações.
Análises de pesquisadores da Universidade Yale projetam que o colapso da cidade reforçaria a fragmentação territorial do Sudão e ampliaria a crise humanitária, que já deslocou milhões de pessoas desde 2022.
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Imagem: Getty Images
