Astronautas chineses permanecem em órbita após choque de detritos espaciais com cápsula da Shenzhou-20

Palavra-chave principal: astronautas chineses
- Impacto de detritos obriga adiamento do retorno
- Quem está a bordo da Shenzhou-20
- Sequência dos acontecimentos que levou à suspensão
- Como a CMSA estuda as opções de regresso
- Impacto na carreira dos taikonautas
- Precedentes em missões internacionais
- Escalada e riscos do lixo orbital
- Repercussão na estação Tiangong
- Próximos passos conhecidos até o momento
- Importância do episódio para a segurança espacial
Impacto de detritos obriga adiamento do retorno
Três astronautas chineses da missão Shenzhou-20 permanecem em órbita da Terra depois que a cápsula prevista para trazê-los de volta foi danificada por fragmentos de lixo espacial. O incidente aconteceu poucas horas antes do desacoplamento programado da nave, que segue conectada à estação Tiangong, complexo onde o trio vive e trabalha desde abril. Autoridades da Agência Espacial Tripulada da China (CMSA, na sigla em inglês) confirmaram que o regresso está suspenso por tempo indeterminado enquanto especialistas avaliam a extensão dos danos e possíveis rotas de solução.
Quem está a bordo da Shenzhou-20
A tripulação afetada é formada pelo comandante Chen Dong e pelos taikonautas Chen Zhongrui e Wang Jie. Os três decolaram em 24 de abril de 2025 a bordo de um foguete Long March-2F, iniciando uma estadia que deveria terminar assim que concluíssem a troca de comando com a equipe da Shenzhou-21. Com o imprevisto, todos permanecem dentro da Tiangong ao lado dos recém-chegados da missão seguinte, totalizando seis ocupantes na estação.
Sequência dos acontecimentos que levou à suspensão
O planejamento original previa a partida da Shenzhou-20 na quarta-feira, 5 de março, logo após a transferência de responsabilidades operacionais para a nova equipe. Por volta de 10h30 no horário de Pequim, sensores a bordo registraram um impacto em uma das três seções da espaçonave: o módulo de propulsão, o compartimento habitável ou a cápsula de retorno dotada de paraquedas. O choque foi atribuído a pequenos detritos orbitais, designação dada a fragmentos de satélites ou foguetes que permanecem circulando o planeta.
Com base nos protocolos de segurança, a CMSA determinou a suspensão imediata do desacoplamento. Técnicos iniciaram análises de impacto e de risco para averiguar a integridade do casco, dos sistemas de controle térmico e dos mecanismos de reentrada. Até que cada subsistema seja inspecionado e atestado, a volta à Terra fica inviável.
Como a CMSA estuda as opções de regresso
O veículo Shenzhou é dividido em três módulos independentes. Caso os engenheiros constatem que apenas o segmento de propulsão ou o compartimento habitável foi comprometido, reparos in situ ou ajustes de trajetória podem ser suficientes. Se a avaliação revelar ameaça à cápsula de retorno — a única parte que resiste à reentrada atmosférica —, o plano de contingência prevê abandonar o veículo e recorrer a alternativas.
Entre essas alternativas está a utilização da cápsula atualmente acoplada à Shenzhou-21. Nesse cenário, o trio da missão 20 retornaria antecipadamente e a equipe da missão 21 permaneceria na estação até que a China lance uma nave reserva. A CMSA mantém permanentemente um foguete Long March-2F e uma Shenzhou sobressalente prontos para decolar em caso de emergência, garantindo janela rápida de resgate ou reabastecimento.
Impacto na carreira dos taikonautas
O atraso amplia o tempo de voo do comandante Chen Dong, que já superou 400 dias acumulados em órbita, estabelecendo um novo recorde nacional. O marco mundial pertence ao russo Oleg Kononenko, com mais de 1 100 dias seguidos no espaço. A permanência adicional de Chen reforça a experiência da China em missões de longa duração e contribui para os dados médicos que fundamentam futuros voos ainda mais extensos.
Precedentes em missões internacionais
Ficar “preso” no espaço não é exclusividade chinesa. Em 2022, um vazamento de refrigerante do sistema de controle térmico da Soyuz MS-22 obrigou o astronauta da NASA Frank Rubio a permanecer 371 dias na Estação Espacial Internacional (ISS), recorde norte-americano. Entre 2024 e 2025, Butch Wilmore e Suni Williams passaram 286 dias na ISS depois que a cápsula Boeing Starliner apresentou falhas, excedendo em muito os oito dias planejados. Esses episódios ilustram como imprevistos técnicos podem prolongar missões humanas e demandar respostas rápidas das agências espaciais.
A própria Tiangong já sentiu os efeitos de detritos: em 2023, um fragmento atingiu um painel solar, gerando perda temporária de energia. O evento levou engenheiros a reforçarem a blindagem externa durante atividades extraveiculares de manutenção subsequentes.
Escalada e riscos do lixo orbital
O número de objetos não controlados ao redor do planeta cresce à medida que novos satélites e estágios de foguetes são lançados. A colisão entre fragmentos pode desencadear a chamada Síndrome de Kessler, efeito cascata que gera ainda mais detritos e eleva exponencialmente o risco para missões tripuladas e não tripuladas. O caso da Shenzhou-20 reforça esse alerta: mesmo partículas de poucos milímetros podem causar danos significativos a velocidades orbitais superiores a 25 000 quilômetros por hora.
Agências e empresas privadas têm testado soluções de mitigação, como veículos de captura, velas de arrasto e protocolos de desorbitagem controlada. A CMSA, a NASA, a ESA e outras entidades acompanham em tempo real o tráfego espacial em busca de rotas seguras para suas naves, mas a multiplicação dos fragmentos torna cada janela de lançamento ou reentrada um exercício de cálculo cada vez mais delicado.
Repercussão na estação Tiangong
Com três módulos pressurizados habitáveis, a Tiangong foi concebida para suportar permanências prolongadas e mudanças de tripulação sem interrupção das atividades científicas. A presença simultânea de seis astronautas está dentro da capacidade nominal da estação, o que minimiza o impacto logístico do atraso. Experimentos de biologia, física de microgravidade e observação da Terra continuam normalmente, enquanto a equipe aguarda instruções.
Caso a cápsula danificada seja descartada, engenheiros deverão planejar manobras para liberar a porta de acoplamento e alocar o veículo de substituição em posição de uso. Além disso, será necessário revisar o cronograma de missões futuras, já que a frota de navios Shenzhou e foguetes Long March segue um calendário apertado de lançamento, abastecimento e rotação de tripulação.
Próximos passos conhecidos até o momento
Os técnicos da CMSA continuam a coletar dados de telemetria e imagens de alta resolução para determinar a localização exata do impacto. A agência não apresentou prazo para conclusão da análise, mas indicou que a prioridade é garantir a segurança de todos a bordo. Enquanto isso, a Shenzhou-20 permanece conectada à Tiangong, fornecendo volume adicional de armazenamento e redundância de sistemas.
Assim que a avaliação estrutural estiver concluída, a CMSA divulgará se a cápsula pode ser reparada, se haverá troca de veículo ou se o retorno será reprogramado para outra janela de descida. A decisão precisa considerar alinhamentos orbitais, condições meteorológicas na zona de pouso e disponibilidade de equipes de resgate em solo.
Importância do episódio para a segurança espacial
O choque que atingiu a Shenzhou-20 reforça a vulnerabilidade das missões tripuladas à crescente presença de lixo orbital. O episódio soma-se a outros incidentes semelhantes e pressiona a comunidade internacional a avançar em soluções de prevenção e remoção de detritos. Ao mesmo tempo, demonstra a relevância dos planos de contingência que mantêm tripulações protegidas e asseguram opções de retorno mesmo em cenários adversos.
Enquanto aguardam luz verde para regressar, os astronautas chineses seguem suas rotinas científicas na Tiangong e colaboram com os engenheiros em terra para monitorar possíveis alterações na nave atingida. O desfecho dependerá do diagnóstico de integridade da cápsula, dos riscos associados e da eficácia dos protocolos de emergência já acionados.
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