Asilo na França traz novo recomeço a família iraquiana

Asilo na França marca a primeira sensação de segurança em 15 anos para a família iraquiana Alhashemi, que perdeu a filha Sara, de sete anos, na travessia do Canal da Mancha em 2024. O reconhecimento provisório, concedido pelo Escritório Francês de Proteção a Refugiados, foi confirmado por e-mail a Ahmed, 42, e aos três filhos.
Sem direito de residência estável desde que deixou Basra, o casal Ahmed e Nour, 35, passou por Bélgica, Finlândia e Suécia até se fixar na pequena Rouvroy, norte da França. Durante o impasse, viviam em hostéis superlotados e sem possibilidade legal de trabalho ou estudo para as crianças.
Asilo na França traz novo recomeço a família iraquiana
A decisão autoriza quatro anos de permanência, passo indispensável para o pedido de residência permanente e, futuramente, cidadania francesa. Nour aguarda notificação idêntica nas próximas semanas. “Agora sabemos nosso caminho”, disse Ahmed, aliviado, enquanto Rahaf, 14, ensaia francês — seu quarto idioma — em meio a cadernos e poemas de Victor Hugo.
O alívio contrasta com abril de 2024, quando a tentativa de chegar ao Reino Unido em um barco inflável resultou na morte de Sara, sufocada pela superlotação, fato presenciado por uma equipe da BBC. Desde então, a família lutava contra burocracias para matricular as crianças e obter auxílio, desafio descrito pela advogada Claire Perinaud como um “labirinto de procedimentos”.
Em março de 2025, os Alhashemi foram realocados para um apartamento social de dois quartos. Ali, Rahaf montou um memorial para a irmã, enquanto Nour, grávida, temia ser “cedo demais” para outro bebê. O nascimento de Sally, em julho, trouxe nova esperança: “Vejo um pouco de Sara nela”, emociona-se a mãe.
Com o status regularizado, Ahmed, azulejista de profissão, planeja abrir uma pequena empresa, e Nour sonha em lançar uma confeitaria. “Posso trabalhar, pagar impostos e ajudar meus filhos a realizar seus sonhos”, afirma o pai, que rejeita qualquer nova travessia irregular: “Nunca mais”.
Segundo dados do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur), trâmites rápidos e apoio à integração reduzem riscos de novas migrações perigosas, como a que vitimou Sara.
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Imagem: BBC
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