Artemis 2: missão confirma retorno tripulado à Lua e promete o maior lançamento de 2026

Artemis 2, programada para o primeiro semestre de 2026, desponta como a etapa decisiva do programa lunar da NASA e se projeta como o maior lançamento dos últimos 50 anos.

Artemis 2: objetivos centrais da segunda missão tripulada

A segunda missão do programa Artemis foi concebida para validar, com tripulação a bordo, todos os sistemas críticos do foguete Space Launch System (SLS) e da espaçonave Orion. A NASA pretende confirmar a segurança do suporte de vida, avaliar a robustez das comunicações em espaço profundo e testar o controle de voo em regime operacional, após a bem-sucedida experiência não tripulada de 2022. O plano prevê um sobrevoo lunar a aproximadamente 448.400 km da Terra, distância maior que a percorrida por qualquer nave habitável desde a década de 1970.

Contexto político e administrativo que influencia a Artemis 2

O ano de 2025 foi marcado pela posse de Donald Trump na presidência dos Estados Unidos, movimento que alterou a liderança da NASA. Inicialmente, o empresário Jared Isaacman foi indicado para a administração da agência, mas seu nome foi retirado e a gestão temporária ficou sob responsabilidade de Sean Duffy. A instabilidade durou grande parte do ano até que, em 17 de dezembro, Isaacman reassumiu a posição de administrador, empossado no dia seguinte. Durante o período de transição, o cronograma da missão foi mantido, reforçando o compromisso institucional com o lançamento em 2026.

Paralelamente, Elon Musk, então responsável por um cargo no Departamento de Eficiência Governamental, defendeu publicamente a priorização de Marte, classificando o retorno à Lua como “perda de tempo”. Apesar da pressão, a agência preservou o foco na Artemis 2 e reiterou que o módulo tripulado deverá decolar ainda na primeira metade do mandato presidencial em curso.

Preparativos técnicos da Artemis 2 e o papel do SLS

No centro das operações está o SLS, veículo de 98 metros de altura que estreou no lançamento da Artemis 1 em novembro de 2022. Após uma década de desenvolvimento, o foguete completou testes de desempenho adicionais em 2025, confirmando a capacidade de impulsionar o conjunto Orion até a órbita elevada da Terra e, a partir daí, executar a queima de injeção translunar. O estágio de propulsão criogênica interina (ICPS) será descartado 24 horas depois da decolagem, oportunizando um teste de pilotagem manual: a tripulação alinhará a cápsula às câmeras internas para inspeção do propulsor abandonado, procedimento essencial para futuras manobras de acoplamento.

A propulsão subsequente ficará a cargo do Módulo de Serviço Europeu, responsável por conduzir a cápsula em trajetória de retorno após um sobrevoo a 10.300 km do lado oculto da Lua. A expectativa é registrar níveis de radiação superiores aos encontrados na órbita baixa da Terra, fornecendo dados médicos imprescindíveis à segurança de missões posteriores.

Cronograma atualizado da Artemis 2 e impactos sobre as próximas etapas

O calendário da missão foi revisado diversas vezes: a primeira estimativa apontava 2024, passou para 2025 e, finalmente, fixou-se em 2026. Embora o histórico de adiamentos gere cautela, os últimos testes do SLS indicam conformidade com os parâmetros exigidos para lançamento. A equipe de engenharia acompanha o desempenho dos sistemas de pressurização e do software de navegação, itens que motivaram ajustes na campanha anterior. Caso não ocorram novas intercorrências, a janela de voo permanecerá aberta nos primeiros meses de 2026.

A definição dessa data é vital para a sequência do programa. A Artemis 3, planejada para efetuar o primeiro pouso tripulado em solo lunar desde 1972, depende diretamente do sucesso da missão de 2026. Documentos internos da SpaceX, obtidos por veículos de imprensa, sugerem que demonstrações de reabastecimento orbital da nave Starship acontecerão apenas em meados de 2026, com um pouso lunar não tripulado em 2027. Esses marcos são pré-requisitos técnicos antes de transportar astronautas e podem empurrar a Artemis 3 para 2028. A NASA, contudo, ainda mantém 2027 como data oficial, aguardando confirmação formal do novo cronograma.

Artemis 2 e a preparação para uma tripulação diversa

Uma das metas do programa é assegurar a participação da primeira mulher e da primeira pessoa negra em missões lunares. A seleção da tripulação da Artemis 2, embora ainda não anunciada, aceitará esse compromisso de diversidade como critério, alinhada ao objetivo de refletir a demografia global em futuras viagens interplanetárias. Dentro da espaçonave, sistemas de habitabilidade receberam adaptações a diferentes perfis fisiológicos, abrangendo ajustes de assentos, trajes espaciais e protocolos de exposição à radiação.

Como o legado da Artemis 1 fundamenta o voo de 2026

A missão inaugural, lançada em 16 de novembro de 2022, completou 25 dias de operação sem tripulantes, culminando com a reentrada da Orion na atmosfera em 11 de dezembro daquele ano. Entre os marcos técnicos, destacaram-se a queima de 207 segundos para retorno, o sobrevoo a 100 km da superfície lunar e o registro fotográfico dos seis pontos visitados por humanos durante o programa Apollo. Três manequins equipados com sensores de radiação forneceram dados vitais, agora convertidos em melhorias no revestimento interno da cápsula para a Artemis 2.

Passos seguintes após a Artemis 2 rumo à meta do pouso

Superada a fase de voo de teste tripulado em órbita lunar, o próximo grande desafio será a integração entre Orion e o módulo de pouso lunar, atribuição contratada à SpaceX. O desempenho recente da Starship, que completou cinco lançamentos em 2025 e teve êxito apenas nos dois últimos voos, reflete avanços graduais. A companhia planeja demonstrar reabastecimento orbital em junho de 2026 e realizar um pouso não tripulado na Lua em junho de 2027, etapas sem as quais a NASA não autorizará o embarque de astronautas.

Além disso, a agência trabalha no SLS Block 1B, variante destinada à Artemis 4, prevista para 2028. Essa configuração adicionará um segundo estágio mais potente, capaz de transportar módulos habitacionais e elementos da futura estação Gateway. O aprendizado obtido com a Artemis 2 servirá como base para validar a arquitetura dessa versão ampliada do foguete.

O que aguardar até o lançamento da Artemis 2

Nos próximos meses, a atenção recairá sobre a revisão de prontidão de voo, que confirmará a integridade dos sistemas do SLS, da Orion e da torre de lançamento no Centro Espacial Kennedy. A conclusão desse processo liberará a contagem regressiva final para o evento, previsto pela NASA para o início de 2026.