Arquivos de Emmett Till são divulgados pelo governo dos EUA
Arquivos de Emmett Till são divulgados pelo governo dos EUA
Arquivos de Emmett Till são divulgados pelo governo dos EUA. A abertura de mais de 6,5 mil páginas detalha pela primeira vez a atuação federal depois do linchamento do adolescente negro em 1955, marco crucial na luta por direitos civis nos Estados Unidos.
Divulgação coincide com 70º aniversário do crime
A Administração Nacional de Arquivos e Registros (Nara) liberou os documentos na véspera dos 70 anos da morte de Emmett Till, assassinado em 28 de agosto de 1955, no Mississippi. A publicação inclui dossiês inéditos, recortes de jornais, relatórios do FBI e notas internas compiladas pela Civil Rights Cold Case Records Review Board.
Para a copresidente do colegiado, Margaret Burnham, “o lançamento é histórico”. Segundo ela, familiares, historiadores e a sociedade “mereciam um retrato completo da resposta do governo”.
Relembre o caso Emmett Till
Till, então com 14 anos e morador de Chicago, visitava parentes em Money, pequena cidade do Mississippi, quando foi acusado pela balconista branca Carolyn Bryant de assédio dentro de um armazém, em 24 de agosto de 1955. Quatro dias depois, o marido de Bryant, Roy, e o meio-irmão dele, J. W. Milam, sequestraram o garoto sob a mira de uma arma, espancaram-no e jogaram seu corpo em um rio.
O funeral, com caixão aberto por decisão da mãe Mamie Till-Mobley, chocou o país. Fotografias do corpo mutilado circularam pela imprensa, galvanizando o movimento pelos direitos civis que resultaria, dois anos depois, no Civil Rights Act de 1957.
Impunidade e mudança legislativa
Julgados por um júri exclusivamente branco, Roy Bryant e Milam foram absolvidos e, mais tarde, admitiram o crime em entrevista a uma revista. Amparados pela cláusula de “double jeopardy”, nunca voltaram a ser processados. Carolyn Bryant, que depôs contra Till e só em 2008 recuou da acusação, morreu em 2023.
Somente em março de 2022, o Congresso aprovou o Emmett Till Anti-Lynching Act, transformando o linchamento em crime de ódio federal. A liberação dos registros, de acordo com a Nara, oferece “clareza há muito esperada” sobre as ações — e omissões — das autoridades federais à época.
Para especialistas, a transparência pode fortalecer novas pesquisas e iniciativas de justiça histórica. O material completo está disponível para consulta pública e digital, ampliando o acesso a um capítulo decisivo da história norte-americana.
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Crédito da imagem: Getty Images

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