Apple prepara motor de respostas com IA Google para reforçar Siri

A Apple está a desenvolver um novo motor de respostas baseado em inteligência artificial para integrar na Siri e noutros serviços do ecossistema. O projeto, conhecido internamente como World Knowledge Answers, deverá chegar ao mercado entre março e junho de 2026.

Parceria com o Google garante modelo linguístico

Fontes próximas do processo indicam que a Apple assinou esta semana um acordo com o Google para testar uma versão personalizada do modelo Gemini. A solução será executada em servidores Private Cloud Compute da própria Apple, mantendo a companhia o controlo da infraestrutura e a narrativa de proteção da privacidade dos utilizadores.

Além do Gemini, a empresa avalia a utilização de outros grandes modelos de linguagem, como Claude, da Anthropic, ou recursos desenvolvidos internamente, designados Apple Foundation Models. Estes últimos ficariam encarregados de processar dados locais do dispositivo, evitando a transferência de informação pessoal para a nuvem.

Três pilares para a nova Siri

O motor de respostas baseia-se em três componentes:

Planeador – interpreta comandos de voz ou texto e define a melhor forma de responder;
Sistema de pesquisa – vasculha a web e o conteúdo armazenado no equipamento para recolher dados relevantes;
Resumidor – sintetiza a informação obtida em respostas curtas, apresentadas em texto, imagens e pontos de interesse.

O objetivo é permitir à Siri tratar pedidos complexos, contextualizar conversas prolongadas e apresentar explicações claras, aproximando a experiência de plataformas como ChatGPT ou da Visão Geral Gerada por IA já disponível no motor de pesquisa do Google.

Integração alargada nos sistemas Apple

A Apple planeia incorporar o World Knowledge Answers não só na Siri, mas também no Spotlight e no Safari. A abordagem pretende uniformizar a pesquisa em iPhone, iPad, Mac e dispositivos de casa inteligente, reduzindo a dependência da navegação tradicional e do recurso imediato ao Google.

No ecrã, as respostas surgirão em formato de cartões com texto, fotografias e ligações úteis. Para questões extensas, o resumidor produzirá sínteses de leitura rápida. A Apple estuda ainda um chatbot médico dedicado a assinantes e melhorias direcionadas à gestão de casas inteligentes.

Atraso na revitalização de 2024

Uma versão avançada da Siri tinha sido anunciada para o iOS 18, mas a funcionalidade não se concretizou. A ausência foi interpretada como sinal de que a empresa ficou para trás na corrida das grandes tecnológicas pela IA generativa. O desenvolvimento agora divulgado procura recuperar esse atraso.

Negociações anteriores com a Anthropic

Antes de fechar com o Google, a Apple negociou com a Anthropic. A startup terá exigido mais de 1,5 mil milhões de dólares anuais pelo licenciamento do seu modelo, valor considerado excessivo em comparação com a proposta do Google, que incluiu apoio na criação de uma versão feita à medida.

Lançamento previsto para 2026

De acordo com o calendário interno, a nova Siri deverá ser apresentada na primavera do hemisfério norte de 2026. A interface será redesenhada, dando destaque a conteúdos multimédia e resumos automatizados. A Apple espera que a combinação de modelos próprios e tecnologia Google proporcione respostas mais rápidas, completas e privadas.

Até lá, os programadores trabalham na afinação dos três pilares e na integração com aplicações do sistema. Os testes iniciais decorrerão em versões internas do iOS, macOS e visionOS, seguindo-se um programa beta público antes do lançamento final.

Com esta iniciativa, a Apple procura fortalecer a Siri e oferecer uma alternativa competitiva aos chatbots de mercado, mantendo a reputação de salvaguardar os dados dos utilizadores enquanto beneficia de avanços de parceiros externos.

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