Andrej Babis lidera eleição tcheca mas busca aliados

Andrej Babis, bilionário de 71 anos e ex-primeiro-ministro, aparece como favorito para retornar ao poder na República Tcheca nas urnas de sexta e sábado, mas precisará de parceiros nos extremos do espectro político para formar governo.
As pesquisas indicam que o partido ANO, de perfil populista, não obterá maioria absoluta. Isso obriga Babis a negociar com legendas nacionalistas ou antissistema, cujas exigências incluem referendos sobre a permanência do país na União Europeia e na Otan, além de cortes drásticos nos gastos de defesa.
Andrej Babis lidera eleição tcheca mas busca aliados
Em um comício em Kladno, região industrial próxima a Praga, Babis tentou afastar temores de alinhamento com Moscou. “Nunca arrastaremos a República Tcheca para o Oriente”, afirmou, lembrando que seu primeiro governo expulsou diplomatas russos após a explosão de um depósito de munições atribuída à inteligência militar de Moscou em 2014.
Apesar do discurso pró-Ocidente, o ANO já anunciou o fim da iniciativa tcheca que enviou 3,5 milhões de projéteis de artilharia à Ucrânia, propondo substituí-la por um mecanismo “mais transparente” dentro da Otan. Possíveis futuros aliados, como o ultranacionalista SPD, o movimento Motoristas contra o Acordo Verde e a coalizão Enough!, querem ir além, defendendo redução do orçamento de defesa e a expulsão de refugiados ucranianos.
Analistas alertam que a composição de um gabinete com essas siglas pode ecoar o recuo democrático observado na vizinha Eslováquia de Robert Fico e na Hungria de Viktor Orbán. Em entrevista à BBC, o pesquisador Roman Maca afirmou que partidos pró-Rússia “pedirão ao ANO que deixe de apoiar Kiev, suspenda sanções e fragilize o vínculo ocidental”.
Do outro lado, o atual premiê, Petr Fiala, do bloco Spolu, tenta reduzir a diferença nas sondagens. No único debate direto, Babis prometeu não se coligar aos comunistas, chegando a oferecer “assinar um papel” em rede nacional para selar o compromisso.
Entre os eleitores jovens, cresce o apoio ao Partido Pirata, que deixou o governo após divergências sobre digitalização. Para o estudante de ciência política Ondrej Kapralek, de 19 anos, “segurança, economia e futuro europeu” estarão em jogo na votação.
Com o cenário indefinido, o resultado poderá redefinir a histórica lealdade tcheca à UE, à Otan e ao esforço de guerra ucraniano. A expectativa é que as negociações de coalizão comecem imediatamente após a apuração oficial.
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Crédito da imagem: Reuters
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