Amígdalas protegem a garganta e inflamação recorrente pode exigir cirurgia
As amígdalas localizam-se na região da orofaringe e integram o sistema linfático, funcionando como um dos primeiros pontos de vigilância imunológica do corpo. Pequenas e de formato semelhante a uma amêndoa, identificam microrganismos que penetram pela boca ou pelo nariz e desencadeiam a produção de anticorpos para travar a infeção.
Sentinelas do sistema imunológico
Existem três grupos de amígdalas: palatinas (mais conhecidas), faríngeas ou adenoides e linguais. As palatinas, presentes em cada lado da garganta, detetam vírus, bactérias e outros agentes patogénicos, ativando células de defesa capazes de neutralizar a ameaça. Este contacto inicial ajuda ainda a criar memória imunológica, facilitando respostas futuras contra o mesmo invasor.
Embora sejam mais ativas na infância, quando o sistema imunitário ainda está em desenvolvimento, mantêm importância ao longo da vida. A atividade diminui com a idade, mas isso não impede que adultos possam sofrer inflamações ou infeções associadas.
Por que surgem as inflamações?
A amigdalite – inflamação das amígdalas – é habitualmente provocada por vírus responsáveis por constipações e gripes, ou por bactérias, sendo o Streptococcus uma das espécies mais frequentes. Entre os principais sintomas contam-se dor ao engolir, febre, mal-estar geral e, em casos mais severos, placas de pus visíveis.
Para além de agentes infecciosos, fatores como fumo do tabaco, poluição ou alergias podem irritar o tecido linfático e contribuir para o inchaço. Quando os episódios são esporádicos, o tratamento passa por repouso, hidratação adequada, analgésicos e, se houver confirmação bacteriana, antibiótico prescrito por médico.
Quando considerar a remoção cirúrgica
A amigdalectomia é recomendada apenas em situações específicas, nomeadamente:
- cinco ou mais episódios de amigdalite num ano;
- inflamação crónica que não responde ao tratamento medicamentoso;
- apneia do sono provocada por aumento significativo do volume das amígdalas;
- formação de abcessos ou suspeita de tumor.
O procedimento é simples, realizado por otorrinolaringologista e, na maioria dos casos, o doente regressa a casa no próprio dia. A ausência das amígdalas não compromete o sistema imunitário, pois outras estruturas linfáticas continuam a assumir a proteção.
Cuidados preventivos
Algumas medidas ajudam a reduzir o risco de amigdalite:
- manter higiene oral rigorosa, incluindo escovagem da língua;
- evitar exposição a fumo e ambientes poluídos;
- adotar alimentação equilibrada para reforçar a imunidade;
- limitar contacto próximo com pessoas com infeções respiratórias.
Perante dor intensa, febre superior a 38,5 ºC ou dificuldade em respirar, é aconselhável procurar assistência médica para avaliação e eventual colheita de zaragatoa.
Mitos frequentes esclarecidos
É comum associar amígdalas apenas a infeções, mas estas estruturas têm função defensiva essencial; removê-las não é regra em cada episódio de dor. O tamanho, por si só, também não representa problema: muitas pessoas mantêm amígdalas volumosas sem qualquer sintoma. A cirurgia só se justifica quando o impacto na qualidade de vida ultrapassa os benefícios do tecido linfático.
Em síntese, as amígdalas constituem um elemento relevante da imunidade, atuando como guardiãs da garganta. Reconhecer os sinais de inflamação, adotar cuidados preventivos e saber quando recorrer ao especialista são passos fundamentais para manter a saúde respiratória em qualquer idade.

Imagem: Danilo Oliveira via olhardigital.com.br