O Reino Unido e um grupo de países aliados declaram-se prontos a apoiar a Ucrânia antes, durante e depois de um eventual acordo de paz com a Rússia. A garantia foi dada em Kiev pelo secretário da Defesa britânico, John Healey, na véspera de uma reunião de alto nível em Paris que juntará o chamado “Coalition of the Willing”.
Compromisso de segurança no terreno, no mar e no ar
John Healey sublinhou que as nações parceiras pretendem “tornar os céus seguros, garantir a liberdade de navegação e consolidar o controlo do território” ucraniano logo que seja firmado um cessar-fogo. Entre as medidas já anunciadas conta-se a transferência de mil milhões de euros provenientes de bens russos confiscados, quantia destinada a armamento e equipamento militar.
Fontes do Palácio do Eliseu referem que o pacote de garantias em discussão inclui:
- Formação contínua e fornecimento de material às forças armadas ucranianas;
- Possibilidade de destacamento de tropas europeias, em número ainda não especificado, para dissuadir futuras agressões;
- Mecanismos de resposta rápida caso a Rússia volte a violar o acordo.
A presença de militares estrangeiros depende, contudo, de um cessar-fogo que, segundo Paris, está a ser negociado pelos Estados Unidos com Moscovo. Berlim, Roma e outros membros afastam para já o envio de soldados, alegando que a prioridade é parar os combates.
Putin mantém exigências máximas e intensifica ataques
Enquanto decorrem esforços diplomáticos, o Presidente russo, Vladimir Putin, declarou em Pequim que a ofensiva poderá prosseguir “até cumprir todos os objetivos” se Kiev recusar as suas condições. O líder russo voltou a exigir que a Ucrânia ponha termo ao que classifica de discriminação contra russófonos e sugeriu, em tom irónico, que o Presidente Volodymyr Zelensky poderia deslocar-se a Moscovo para negociar — proposta de imediato considerada “inaceitável” pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros ucraniano.
Na esfera militar, Moscovo intensificou os bombardeamentos. Na noite de quarta-feira foram lançados mais de 500 drones e 24 mísseis de cruzeiro contra várias cidades. Na semana anterior, um míssil atingiu um bloco de apartamentos em Kiev, provocando 22 mortos, entre os quais quatro crianças.
Pressão económica e diplomática liderada pelos EUA e Reino Unido
Healey afirmou que a Rússia “está sob pressão” e elogiou o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, por “não excluir qualquer opção”, incluindo sanções adicionais. Washington terá pedido a Moscovo um cessar-fogo durante o encontro no Alasca no mês passado, mas não foram anunciados progressos.
De acordo com Londres, novos pacotes de sanções estão prontos a ser acionados caso o Kremlin recuse negociar. Paralelamente, os aliados pretendem garantir que o apoio a Kiev se mantém durante a transição para a paz, evitando que a Rússia utilize o período pós-acordo para reorganizar forças.
Reunião de Paris poderá definir próximos passos
A cimeira marcada para quinta-feira em Paris, presidida por Emmanuel Macron, deverá avaliar os detalhes das garantias de segurança e coordenar a distribuição de recursos militares e financeiros. Espera-se que o encontro confirme a constituição de um mecanismo de vigilância do futuro cessar-fogo, ainda sem calendário definido.
Apesar do otimismo cauteloso entre os participantes, fontes governamentais alemãs admitem que não haverá “anúncios de grande dimensão” enquanto Moscovo mantiver a ofensiva. Mesmo assim, a intenção declarada é deixar claro que a Ucrânia poderá contar com apoio sustentado, seja para continuar a combater, seja para consolidar uma eventual paz.
Para Kiev, a mensagem central é a de que o suporte ocidental não terminará com a assinatura de um acordo. Pelo contrário, os parceiros preparam-se para reforçar a presença na região, aplicando o que descrevem como “solidariedade plena e compromisso duradouro” com a integridade territorial da Ucrânia.