Alaa Abdel Fattah é perdoado pelo presidente do Egito. O conhecido ativista britânico-egípcio, preso desde 2019, teve a pena comutada por determinação do presidente Abdul Fattah al-Sisi, após pedido do Conselho Nacional de Direitos Humanos (NCHR).
Segundo a emissora estatal Al-Qahera News, outras cinco pessoas também foram contempladas pelo decreto. A família de Abdel Fattah celebrou nas redes sociais: a irmã Mona Seif escreveu que seu “coração iria explodir”, enquanto Sanaa Seif afirmou que mãe e filha seguiram imediatamente para o presídio de Wadi al-Natrun para obter detalhes sobre a libertação.
Alaa Abdel Fattah é perdoado pelo presidente do Egito
O advogado Khaled Ali confirmou que a ordem será publicada no Diário Oficial, passo obrigatório para a saída do detento de 43 anos. Ele cumpria pena de cinco anos por “espalhar notícias falsas”, após publicar sobre a morte de um prisioneiro supostamente torturado. As autoridades haviam desconsiderado os dois anos que ele passou em detenção preventiva, o que postergaria a libertação para 2024.
Organizações de direitos humanos saudaram o gesto. A Human Rights Watch, em nota, disse esperar que o perdão marque “um ponto de inflexão” e leve ao fim da detenção de milhares de críticos pacíficos. Desde que assumiu o poder em 2014, Sisi é acusado por grupos internacionais de conduzir uma repressão sem precedentes à dissidência política. Relatórios independentes estimam que dezenas de milhares de pessoas estejam atrás das grades no país.
Abdel Fattah tornou-se figura central na Primavera Árabe de 2011 e passou a maior parte da década seguinte encarcerado. Em 2022, durante a COP27 no Egito, ele fez uma greve de fome que atraiu pressão global. A mãe dele, a professora universitária Leila Soueif, realizou jejum de nove meses em Londres, perdendo mais de 40% do peso, até receber garantias do governo britânico sobre esforços diplomáticos.
O NCHR informou que enviou o pedido de clemência “face às condições humanitárias e de saúde” das famílias dos presos. Duas semanas depois, Sisi determinou a análise dos casos, culminando no anúncio desta segunda-feira.
O perdão não elimina críticas sobre o sistema judiciário egípcio, apontado pela ONU por violações ao devido processo. Ainda assim, especialistas veem a libertação como sinal de possível flexibilização no tratamento a opositores e detentos de consciência.
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Crédito da imagem: AFP