Afegão ligado a forças especiais britânicas teme execução após ordem de deportação do Paquistão

Islamabad, 08 de julho de 2024 — Um ex-membro das unidades afegãs conhecidas como “Triples”, que atuaram ao lado do Exército britânico, foi detido pelas autoridades paquistanesas e pode ser deportado a qualquer momento para o Afeganistão. Segundo relato do filho do militar à BBC, a família teme que o pai seja morto pelo Talibã caso a remoção seja concretizada.

O homem, sua esposa e alguns parentes aguardavam em Islamabad a decisão final do programa britânico Afghan Relocations and Assistance Policy (ARAP), criado para transferir e proteger afegãos que colaboraram com o Reino Unido. O pedido havia sido endossado pelo Ministério da Defesa britânico em 2023, mas ainda não houve resposta definitiva.

Detenção durante operação contra estrangeiros “ilegais”

Desde setembro de 2023, o Paquistão conduz o plano “Illegal Foreigners’ Repatriation”, que já levou mais de 1,15 milhão de pessoas de volta ao Afeganistão, de acordo com a Organização Internacional para as Migrações. Em uma dessas ações, policiais detiveram vários membros da família, inclusive uma criança de oito meses, e os levaram a um campo de triagem perto da capital.

O filho do ex-combatente, identificado como Rayan para preservar a segurança, conseguiu se esconder num banheiro de hotel com a esposa e o bebê. Ele contou que os parentes foram colocados em uma sala com cerca de 90 pessoas antes de terem os nomes chamados para deportação.

Vazamento de dados agrava ameaça

O risco à família cresceu após um vazamento ocorrido em fevereiro de 2022, que expôs os dados de quase 19 mil afegãos que solicitaram reassentamento no Reino Unido. Entre os registros divulgados estavam os do ex-integrante das Triples, o que, segundo Rayan, facilita a identificação pelo Talibã.

A ONU publicou, em junho, o relatório “No Safe Haven”, questionando a promessa de anistia geral feita pelos governantes talibãs e apontando represálias contra ex-militares. Ainda assim, o regime afirma que todos os cidadãos podem “viver no país sem medo”.

Em nota, o Ministério da Defesa do Reino Unido declarou que não comenta casos específicos, mas reiterou o compromisso de relocar todos os elegíveis que passarem pelas verificações exigidas. Já o ministro do Interior paquistanês, Talal Chaudry, afirmou que Londres deve explicar a demora na transferência dos requerentes: “Já se passaram anos”.

Cerca de três milhões de afegãos vivem atualmente no Paquistão, segundo a Agência da ONU para Refugiados (ACNUR); metade não possui documentação. A ACNUR solicitou que qualquer retorno seja “voluntário, seguro e digno”.

Enquanto espera uma solução, Rayan diz temer nova batida policial e pede alojamento seguro à Alta Comissão Britânica em Islamabad. “Eles podem nos levar a qualquer instante”, afirmou.

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Com informações de BBC News

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Imagem: bbc.com

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