Acordo entre Google e startup brasileira marca maior investimento da empresa em remoção de carbono na Amazônia

Acordo entre Google e startup brasileira marca maior investimento da empresa em remoção de carbono na Amazônia

O Google fechou seu maior contrato de remoção de carbono ao selecionar a startup brasileira Mombak como principal fornecedora de créditos gerados por reflorestamento na Amazônia. O projeto, focado na recuperação de áreas antes destinadas à pecuária, prevê a compensação de 200 mil toneladas de dióxido de carbono, volume quatro vezes superior ao do programa-piloto conduzido pela própria companhia em 2024. A iniciativa responde diretamente ao aumento das emissões associadas aos data centers que sustentam aplicações de inteligência artificial e ocorre às vésperas da realização da COP30, conferência que colocará Belém (PA) no centro do debate climático global em 2025.

Índice

Dimensões do acordo

O contrato anunciado representa o maior compromisso financeiro do Google na categoria “remoção de carbono”. Embora os valores permaneçam confidenciais, a companhia informa que o montante cobre todo o ciclo de reflorestamento, desde o plantio de espécies nativas até o monitoramento de longo prazo das áreas recuperadas. Segundo a empresa, o método escolhido oferece mensuração mais precisa dos créditos gerados, pois cada árvore plantada absorve carbono de forma verificável ao longo de décadas. Dessa forma, o Google amplia a escala de suas compensações e consolida a Amazônia como eixo central de sua estratégia climática.

Quem é a Mombak e como funciona o modelo de reflorestamento

A Mombak especializou-se em transformar terrenos anteriormente usados como pastagem em floresta tropical de características originais. O processo utiliza um mix de espécies nativas adaptadas ao bioma amazônico, garantindo maior taxa de sobrevivência das mudas e recuperação da biodiversidade local. Após o plantio, a startup mantém sistemas de monitoramento contínuo que verificam crescimento, sequestro de carbono e impactos socioambientais. Esse acompanhamento prolongado atende a requisitos de transparência contábil exigidos por compradores corporativos que buscam créditos de alto padrão e ajuda a comprovar benefícios às comunidades próximas.

Pressão das operações de inteligência artificial

O aumento no consumo de energia pelos data centers dedicados à inteligência artificial elevou as emissões indiretas do Google para mais de três milhões de toneladas de CO₂ em 2024, três vezes o nível registrado em 2020. Dados como esse colocam as grandes empresas de tecnologia sob pressão de investidores, reguladores e da sociedade civil para reduzir sua pegada climática. Dentro desse contexto, iniciativas de reflorestamento em larga escala surgem como uma resposta imediata para equilibrar parte do impacto enquanto soluções estruturais de energia limpa são implementadas.

Transição do setor de tecnologia para créditos mais confiáveis

A busca por integridade ambiental levou companhias globais a repensarem os mecanismos tradicionais de compensação. Projetos baseados apenas na preservação de florestas existentes, conhecidos como REDD, enfrentaram denúncias de fraude e ligações com desmatamento ilegal. Para mitigar esse risco, Google, Meta, Microsoft, Salesforce e McKinsey criaram a Symbiosis Coalition, aliança que pretende contratar mais de 20 milhões de toneladas de créditos de carbono de alta qualidade até 2030. O programa da Mombak foi o primeiro a atender todos os critérios da coalizão, que incluem rastreabilidade, benefícios à biodiversidade e impacto positivo para populações locais.

Escassez de ofertas e alta de preços

A combinação de demanda crescente e poucos projetos certificados elevou o valor das remoções brasileiras para acima de US$ 100 por tonelada. Essa faixa reflete não apenas a qualidade ambiental, mas também a competitividade do país em sistemas de verificação internacional. Ao assumir um contrato de grande porte, o Google garante acesso antecipado a um insumo que tende a ficar mais caro, enquanto sinaliza ao mercado a viabilidade econômica de iniciativas de restauração florestal.

Brasil como protagonista da agenda climática

O anúncio ocorre em momento estratégico para a diplomacia ambiental brasileira. A Cúpula de Líderes da COP30 coloca a Amazônia no centro das negociações e fortalece o discurso do governo sobre o papel do país na transição para uma economia verde. Entre as metas apresentadas estão zerar o desmatamento até 2030 e reduzir as emissões líquidas em 67 % até 2035. Instrumentos como o Fundo de Florestas Tropicais para Sempre, que projeta captar até US$ 125 bilhões ao ano para conservar biomas em mais de 70 nações, reforçam o argumento de que preservação pode atrair capitais internacionais.

Integração entre setor privado e metas nacionais

Para as autoridades brasileiras, compromissos empresariais de grande porte validam a narrativa de que o país dispõe de soluções concretas para enfrentar a crise climática. Ao alinhar-se a um projeto que combina recuperação ambiental, inclusão de comunidades locais e métricas transparentes, o Google aproxima-se das prioridades estabelecidas pelo governo e demonstra como a tecnologia pode contribuir sem desconsiderar a ciência. A presença de gigantes da economia digital em iniciativas de reflorestamento também amplia o potencial de escala, já que recursos financeiros e expertise em dados passam a ser direcionados a desafios socioambientais.

Processos, riscos e resultados esperados

Do ponto de vista operacional, o trabalho da Mombak envolve etapas sequenciais: mapeamento das áreas degradadas, escolha de espécies nativas adequadas, preparo do solo, plantio, manutenção e monitoramento remoto aliado a visitas de campo. A cada fase, métricas de crescimento das árvores e de captura de carbono são auditadas por organismos independentes. Esse nível de rigor pretende evitar questionamentos sobre dupla contagem de créditos ou sobre-estimativas de sequestro de CO₂. Caso a projeção de 200 mil toneladas seja cumprida, o acordo representará quatro vezes a escala do projeto-piloto que serviu de base para as metas atuais do Google.

Conexão com tendências globais

O movimento observado no Brasil reflete tendência mundial de direcionar capital corporativo para projetos com benefícios climáticos tangíveis. Governos e sociedade civil cobram redução efetiva de emissões, e as empresas respondem investindo em soluções de remoção consideradas mais seguras. A preferência pela fotossíntese como tecnologia de captura natural encontra respaldo científico e atende às expectativas de prazos viáveis, uma vez que outras alternativas, como armazenamento geológico de carbono, ainda carecem de escala comercial ampla.

Perspectivas para o mercado de remoções

Espera-se que iniciativas semelhantes proliferem, pois a Symbiosis Coalition estimula padronização de critérios e pode servir de referência para novos compradores. A tendência reforça o posicionamento da Amazônia como área prioritária de investimentos em restauração pela sua capacidade de estocar grandes volumes de carbono e regenerar biodiversidade em curto prazo. Para o Google, o contrato com a Mombak funciona não apenas como compensação, mas como piloto ampliado de modelo que pode ser replicado em outras regiões ou ampliado dentro do próprio território brasileiro.

Ao integrar capital tecnológico, expertise ambiental e metas nacionais, o acordo entre Google e Mombak ilustra o caminho que empresas e países percorrem para alinhar crescimento econômico a compromissos climáticos cada vez mais exigentes.

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