Abelhas demonstram compreender o conceito de zero, revela pesquisa

Pesquisas recentes indicam que as abelhas são capazes de entender o conceito de zero, habilidade numérica antes atribuída apenas a espécies com cérebros muito maiores. Experimentos conduzidos por cientistas, com resultados divulgados em revista científica de alto impacto em 2018, comprovaram que esses insetos classificam o “nada” como um valor numérico inferior a um. Novos testes, concluídos em 2025, reforçaram a descoberta ao mostrar que as abelhas também relacionam quantidades a posições espaciais, formando uma linha mental que organiza números do menor para o maior.
- Como o estudo provou a compreensão do conceito de zero
- Treinamento das abelhas para lidar com o conceito de zero
- Teste do vazio: zero como menor valor numérico
- Por que o conceito de zero importa na rotina das abelhas
- Integração entre números e espaço no cérebro compacto do inseto
- Implicações tecnológicas da mente que domina o conceito de zero
- Comparação entre espécies e o futuro da pesquisa sobre o conceito de zero
Como o estudo provou a compreensão do conceito de zero
O protocolo experimental que sustentou a descoberta foi elaborado para eliminar interpretações ambíguas. Pesquisadores apresentaram às abelhas conjuntos de imagens contendo diferentes quantidades de elementos geométricos. A tarefa consistia em escolher, entre dois cartões, aquele com o menor número de objetos. Quando acertavam, recebiam uma solução açucarada como recompensa; quando erravam, encontravam apenas água. Esse procedimento simples permitiu monitorar decisões individuais e assegurar que a escolha não se devia ao acaso.
Depois de várias sessões de treinamento, os insetos passaram a selecionar de forma consistente a alternativa com menos itens. Em seguida, os cientistas ampliaram o desafio introduzindo um cartão totalmente vazio. Mesmo sem elementos visuais, o espaço em branco foi identificado pelos animais como o valor mais baixo possível, uma demonstração de que o cérebro da abelha não tratou a ausência de objetos como neutra, mas sim como uma quantidade legítima — o zero.
Treinamento das abelhas para lidar com o conceito de zero
A etapa de condicionamento seguiu metodologia rigorosa. Cada abelha foi isolada em um labirinto em forma de “Y”, onde visualizava simultaneamente as duas opções de cartões. O estímulo positivo, representado pela substância doce, reforçava a decisão correta, criando um vínculo direto entre resultado e recompensa. Ao longo do processo, os pesquisadores variaram a disposição dos elementos nas figuras para garantir que o inseto utilizasse efetivamente a contagem e não algum detalhe irrelevante da imagem.
A constância com que as abelhas acertavam, mesmo após mudanças no formato ou no tamanho das formas geométricas, indicou que elas abstraíram o padrão numérico subjacente. Quando o cartão sem figuras foi inserido, a taxa de acerto permaneceu alta, evidência de que o treinamento permitiu internalizar o zero como parte da sequência, e não como um caso fora da escala.
Teste do vazio: zero como menor valor numérico
O chamado “teste do vazio” consistiu em intercalar cartões contendo de um a seis elementos com cartões completamente vazios. Ao selecionar sistematicamente a alternativa zerada diante de qualquer outra, as abelhas demonstraram reconhecer a hierarquia numérica: nada é menos do que algo. Esse padrão de escolha não seria possível se o inseto limitasse sua percepção ao contraste visual entre figuras e fundo. Portanto, o experimento ofereceu prova direta de um processamento lógico que distingue ausência de presença em termos quantitativos.
Esse desempenho coloca as abelhas ao lado de primatas e golfinhos, espécies que já haviam obtido resultados positivos em testes similares. Contudo, o cérebro do inseto possui menos de um milhão de neurônios, número infinitamente menor que o de mamíferos, fato que surpreende pela eficiência cognitiva demonstrada.
Por que o conceito de zero importa na rotina das abelhas
Na natureza, a habilidade de mensurar quantidades faz diferença prática. Ao visitar um campo de flores, cada abelha precisa selecionar trajetórias que maximizem a coleta de néctar e minimizar o gasto energético. Entender quando uma área contém zero fontes produtivas permite redirecionar o esforço rapidamente, evitando desperdício de tempo de voo e preservando recursos da colônia.
A memória de locais, combinada ao senso numérico, contribui para um tipo de “gestão de dados” biológica. Se um grupo de exploradoras constata ausência de alimento em determinado ponto, a informação é comunicada internamente. Dessa forma, operárias são deslocadas para regiões mais promissoras, garantindo o suprimento mesmo em períodos de escassez. A lógica por trás dessas escolhas confirma que o zero possui valor adaptativo concreto.
Integração entre números e espaço no cérebro compacto do inseto
O estudo de 2025 acrescentou uma dimensão espacial ao fenômeno. Quando confrontadas com fileiras de elementos ordenados da esquerda para a direita, as abelhas tendiam a escolher quantidades menores posicionadas à esquerda e maiores à direita, comportamento análogo ao que se observa em seres humanos, chamado de “linha mental”. Isso sugere que o cérebro do inseto integra magnitude numérica a coordenadas espaciais, reforçando a complexidade de seu processamento cognitivo.
A convergência entre número e direção amplia a compreensão de como funções aparentemente sofisticadas podem emergir de circuitos neurais enxutos. Ao dominar simultaneamente contagem relativa e mapeamento espacial, a abelha prova que não é necessário um volume massivo de neurônios para executar operações abstratas.
Implicações tecnológicas da mente que domina o conceito de zero
Os resultados chamaram a atenção de engenheiros de software interessados em reduzir o consumo energético de sistemas de inteligência artificial. Modelos inspirados na estrutura neural das abelhas podem levar ao desenvolvimento de soluções computacionais que exigem menos memória e processamento, sem sacrificar desempenho analítico. O raciocínio numérico minimalista do inseto oferece, portanto, um paradigma valioso para a criação de algoritmos enxutos.
Além da indústria de IA, pesquisadores de robótica estudam a navegação das abelhas para aprimorar drones capazes de percorrer ambientes complexos com autonomia. Se um micro-robô puder calcular rotas ideais com base em dados reduzidos, à semelhança do inseto, será possível economizar baterias e ampliar o tempo de operação em campo.
Comparação entre espécies e o futuro da pesquisa sobre o conceito de zero
Os experimentos colocam as abelhas na lista restrita de animais com entendimento confirmado do zero. Nesse rol, aparecem humanos, primatas e golfinhos, cada qual com capacidade matemática adaptada à própria ecologia. A descoberta de que um organismo diminuto exibe competência comparável à de mamíferos complexos abre novas perguntas. Investigadores planejam examinar se outros insetos sociais, como formigas ou cupins, compartilham essa aptidão e de que maneira ela influencia a organização das colônias.
Para os cientistas envolvidos, a próxima etapa consiste em descrever detalhadamente os circuitos neurais responsáveis pelo cálculo numérico na abelha. O mapeamento fino dessas conexões poderá esclarecer quais grupos de neurônios se ativam ao processar o conceito de zero e como eles se integram a funções de navegação, memória e comunicação. Essa análise promete revelar princípios biológicos essenciais para projetar sistemas artificiais que conciliem alta eficiência com baixo custo computacional.

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