Rota Amazônica será concluída em novembro e ampliará corredor logística entre Brasil e Pacífico

Uma das principais ligações projetadas para aproximar o Brasil do Oceano Pacífico ficará operacional ainda este mês. A conclusão da chamada Rota Amazônica, segundo o Ministério do Planejamento e Orçamento, encerra a etapa de dragagem do Alto Solimões e inaugura um novo caminho hidroviário entre o estado do Amazonas e portos instalados no Peru, Equador e Colômbia. O trecho é parte do conjunto de cinco Rotas de Integração Sul-Americana concebidas para impulsionar o comércio regional e ampliar a saída de produtos nacionais em direção à Ásia, especialmente à China.
- Quem lidera o projeto
- O que será entregue em novembro
- Como a rota foi viabilizada
- Por que a integração é estratégica
- As demais rotas previstas
- Quando cada etapa deve ficar pronta
- Impacto imediato já observado
- Processos, causas e consequências
- Cenário que motivou a integração
- Funcionamento prático das alfândegas
- Expectativas para o comércio com a Ásia
- Próximos passos do programa
Quem lidera o projeto
A execução das rotas é coordenada pelo Ministério do Planejamento e Orçamento, que assumiu a interlocução com os 11 estados brasileiros que fazem fronteira terrestre com outros países da América do Sul. A ministra Simone Tebet informou que as obras da Rota Amazônica alcançaram a fase final em novembro, após intervenções estruturais concentradas na navegabilidade do Rio Solimões. Além do esforço federal, a iniciativa reúne capitais de bancos latino-americanos e concessionárias de aeroportos da região, compondo um investimento combinado de R$ 3,8 bilhões entre recursos públicos e privados.
O que será entregue em novembro
A Rota Amazônica, identificada como Rota 2 dentro do planejamento geral, conecta Manaus aos portos de três países andinos. O trajeto percorre o Rio Solimões em território brasileiro até alcançar trechos fluviais que conduzem às zonas portuárias do Peru, Equador e Colômbia. Segundo a pasta responsável, há dez anos o percurso era limitado por ausência de alfândegas, sinalização e estruturas fronteiriças capazes de receber embarcações de maior porte. Com a dragagem concluída, essas barreiras físicas foram eliminadas, assegurando maior profundidade ao leito do rio e permitindo o trânsito continuado de navios cargueiros.
Como a rota foi viabilizada
A inclusão do corredor no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) garantiu a liberação de recursos federais e definiu metas de execução. O escopo contemplou obras de infraestrutura portuária, modernização de sistemas aduaneiros e instalação de pontos de inspeção ao longo da fronteira fluvial. A dragagem do Alto Solimões funcionou como etapa crítica, pois removeu sedimentos acumulados e ampliou a largura útil do canal de navegação. Esse processo permite a formação de comboios com maior capacidade de carga, reduz o tempo de viagem até o Pacífico e diminui custos logísticos para exportadores sediados na Região Norte.
Por que a integração é estratégica
O propósito declarado do governo é dobrar o fluxo comercial na América do Sul e, simultaneamente, consolidar novas rotas de exportação para o mercado asiático. Em 2002, o Brasil importava US$ 8,7 bilhões dos países vizinhos e exportava US$ 7,4 bilhões para esses mesmos parceiros. Naquele mesmo ano, as importações vindas da Ásia eram de US$ 8 bilhões, enquanto as exportações alcançavam US$ 8,8 bilhões. Ao longo de duas décadas, o intercâmbio avançou de forma significativa: em 2023, as vendas brasileiras para o continente asiático atingiram US$ 152,4 bilhões e, para a América do Sul, registraram US$ 40 bilhões. O governo avalia que encurtar a distância até o Pacífico contribui para reduzir fretes internacionais e aumentar a competitividade de produtos nacionais.
As demais rotas previstas
Além da ligação que será finalizada em novembro, outras quatro rotas compõem o plano de integração. Três delas têm conclusão programada até o fim de 2024, enquanto a quinta se estende até 2027.
Ilha das Guianas – Parte de Manaus e segue por Roraima, Pará e Amapá até alcançar a Guiana Francesa, Suriname, Guiana e Venezuela, com saída para o Oceano Atlântico. A entrega está estimada para 2026.
Quadrante Rondon – Atravessa Acre, Rondônia, Amazonas, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, conectando-se a Peru e Bolívia antes de atingir o Pacífico. A projeção de término é 2027.
Bioceânica de Capricórnio – Liga o litoral do Oceano Atlântico, passando por São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul, chegando ao Pacífico via Paraguai e Chile. Planejada para 2026.
Bioceânica do Sul – Parte do litoral sul-brasileiro, percorre Santa Catarina e Rio Grande do Sul, atravessa Uruguai e Argentina e alcança o Chile no Pacífico. Também prevista para 2026.
Quando cada etapa deve ficar pronta
Com a entrega da Rota Amazônica ainda em 2023, o governo espera concluir pelo menos quatro das cinco ligações até o último trimestre de 2024. A única exceção é o Quadrante Rondon, cuja extensão geográfica e obras terrestres mais complexas estabelecem prazo até 2027. O cronograma engloba melhorias em rodovias, hidrovias e pontos aduaneiros, além de acordos binacionais que definem regras comuns de operação e fiscalização.
Impacto imediato já observado
De acordo com o Ministério do Planejamento e Orçamento, a adequação do trecho amazônico já produz reflexos na balança comercial regional, embora os números detalhados não tenham sido divulgados. O ministério atribui o resultado preliminar à redução de entraves logísticos que antes restringiam o volume transportado. Ao regularizar o fluxo de embarcações, o corredor hidroviário permite que produtos agroindustriais cheguem aos portos andinos com menos etapas de transbordo, aumentando a frequência de navios que zarpam rumo a mercados asiáticos.
Processos, causas e consequências
A obra de dragagem, ponto central da conclusão, removeu bancos de areia e depósitos minerais acumulados ao longo de anos. O processo exige levantamento hidrográfico, definição de áreas críticas e posterior remoção mecânica dos sedimentos. Essas ações ampliam a profundidade mínima de navegação, possibilitando calado compatível com embarcações de maior tonelagem. Como consequência direta, as empresas de navegação podem operar com capacidade plena, reduzindo o custo por contêiner transportado e elevando a competitividade do modal fluvial em relação ao rodoviário.
Cenário que motivou a integração
A ideia das rotas emergiu em maio de 2023, durante encontro em Brasília que reuniu chefes de Estado da América do Sul a convite da Presidência da República. A pauta principal foi a necessidade de melhorar a conectividade física do subcontinente, considerado disperso por barreiras naturais e insuficiência de infraestrutura transfronteiriça. A partir das discussões, o Ministério do Planejamento recebeu a missão de mapear corredores viáveis e escalonar prioridades. O resultado foi a definição de cinco eixos que atravessam o território brasileiro e alcançam países vizinhos, todos convergindo para os oceanos Atlântico ou Pacífico.
Funcionamento prático das alfândegas
Uma mudança significativa em relação à condição observada há uma década é a instalação de postos alfandegários capazes de operar 24 horas. Essas unidades executam inspeção de cargas, conferem documentação e aplicam normas sanitárias compartilhadas. A padronização dos procedimentos reduz a possibilidade de retenções desnecessárias na fronteira e cria previsibilidade para exportadores e importadores. O ministério destaca que, antes das obras, a falta de um sistema integrado impedia a passagem de navios e aumentava o tempo de liberação das mercadorias.
Expectativas para o comércio com a Ásia
O Pacífico é apontado como principal canal para atender à demanda de países asiáticos, que absorvem volumes expressivos de matérias-primas brasileiras. A Rota Amazônica oferece um encurtamento substancial de distância para produtos oriundos do Norte e do Centro-Oeste. Com o corredor ativo, o governo projeta ganho de competitividade em setores como agronegócio, mineração e produtos industrializados de média escala. A expectativa oficial é de que a consolidação das cinco rotas eleve o intercâmbio sul-americano e ofereça alternativa logística aos portos do Sudeste, tradicionalmente sobrecarregados.
Próximos passos do programa
Até o fim de 2024, as equipes técnicas pretendem monitorar o desempenho da Rota Amazônica, mensurando volume transportado, tempo de travessia e custo por operação. Essas métricas serão usadas para ajustar projetos das demais ligações em andamento. Paralelamente, seguem negociações com parceiros estrangeiros a fim de harmonizar legislações e consolidar acordos de facilitação de comércio, etapa considerada imprescindível para que os corredores atinjam o potencial máximo previsto pelo Ministério do Planejamento.
Deixe um comentário
Você precisa fazer o login para publicar um comentário.

Conteúdo Relacionado